Mais fraldas para adultos que para crianças mostram envelhecimento no Japão

  • Por Agencia EFE
  • 06/01/2014 06h59

Adrián Espallargas.

Tóquio, 6 jan (EFE).- As vendas de fraldas para adultos no Japão superarão pela primeira vez às de crianças em 2014 e é um símbolo claro do rápido envelhecimento de um país, cuja natalidade cai constantemente há décadas.

Com uma expectativa de vida média de 83 anos, a mais alta do mundo, junto com a Suíça, no Japão os mais velhos se transformaram em um segmento de consumo muito cobiçado.

Um exemplo disso são as novas linhas de produto lançadas pelos fabricantes de fraldas, com modelos de colchões, com forma de calças e com mais capacidades absorventes para torná-los mais atraentes para os consumidores.

O mercado das fraldas para adultos é uma tendência que há anos está em alta no Japão e entre 2007 e 2013 cresceu 38,26%, enquanto em nível global aumentou 14% no mesmo período, segundo um estudo da empresa de consultoria Euromonitor.

Os analistas esperam que em 2014 as vendas de fraldas para idosos superem as de crianças, setor que gerou este ano lucro de 161,97 bilhões de ienes (R$ 3,61 bilhões) para as empresas japonesas.

O envelhecimento do Japão pode ser comprovado nos últimos dados do governo japonês que estima que os maiores de 65 anos serão cerca de 40% da população do país para o ano 2060.

Este ano houve redução de nascimentos pelo quinto ano consecutivo, enquanto o número de mortes caiu pela primeira vez em mais de uma década.

As principais empresas do setor de fraldas já estão realizando mudanças em sua linha de negócio para abastecer a crescente demanda.

Por exemplo, Nippon Paper decidiu aumentar este ano a capacidade de produção de fraldas em sua fábrica de Kioto, enquanto a Daio Paper Corp investiu três bilhões de ienes (21 milhões de euros) em nova maquinaria, segundo o jornal econômico “Nikkei”.

Já a empresa líder do mercado, a Unicharm, vendeu mais fraldas para idosos do que para crianças em 2012, e também está projetando estratégias para atrair potenciais consumidores como mulheres de 20 e 30 anos que tiveram filhos e sofrem problemas de incontinência.

Ainda existem certos tabus na hora de comprar estes produtos ativamente, já que primeiro exige que o consumidor admita que tem certos problemas para que decida comprá-los.

“O tabu social ao redor dos produtos de incontinência é evidente, mas se reduziu nos últimos anos devido às campanhas publicitárias voltadas para os idosos”, disse a analista da Euromonitor, Keita Tamaoki.

Neste sentido, as empresas de fraldas estão realizando campanhas de marketing para superar estes tabus e, entre outras iniciativas, no ano de 2008 no Japão começou a ser realizado o primeiro desfile de moda de fraldas para adultos.

“O forte desejo de viver uma vida independente sem ser uma carga para os familiares representa uma notável oportunidade para os fabricantes que querem se adaptar aos novos estilos de vida dos consumidores”, explicou Tamoki.

A tendência contagia outros muitos setores. Em 2011, o consumo dos maiores de 65 anos representou impressionantes mais de 100 trilhões de ienes (R$ 2,42 trilhões), um número que só tende a aumentar.

É um segmento da população que no Japão conta com alto poder aquisitivo e para o qual muitas empresas estão adotando seus produtos, de viagens a robôs que facilitem o cotidiano. EFE

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