Marine le Pen afirma que as palavras de seu pai foram mal interpretadas

  • Por Agencia EFE
  • 08/06/2014 17h59

Paris, 8 jun (EFE).- A presidente do partido ultradireitista Frente Nacional (FN), Marine le Pen, afirmou neste domingo ao jornal “Le Figaro” que houve uma “interpretação mal-intencionada” das polêmicas palavras de seu pai, Jean-Marie Le Pen, que se distanciaram até do partido, fundado por ele.

A FN teve que se pronunciar após mais uma tirada antissemita de seu fundador em um vídeo finalmente retirado do site do partido a pedido de Marine le Pen.

Ao mesmo tempo, em mensagem destinada a seu pai, ela fez notar que “com a longa experiência que Jean-Marie Le Pen, não ter antecipado a interpretação que seria fatalmente feita com formulação é uma falta política da qual a Frente Nacional está sofrendo as consequências”.

A “número um” do partido mais votado da França nas eleições europeias de 25 de maio, com 25% dos votos, insistiu que esta polêmica deve servir para “lembrar que o FN condena da maneira mais firme qualquer forma de antissemitismo, seja de que tipo for”.

Antes o vice-presidente, Louis Aliot, em declarações publicadas hoje pela revista “Le Parisien” se mostrou consternado e qualificou de estúpido o fragmento mais polêmico do vídeo, em que Jean-Marie Le Pen atentava em tom jocoso contra algumas personalidades que fizeram declarações contra seu partido.

Após criticar o cantor de origem judaica Patrick Bruel, Le Pen disse: “Faremos uma fornada a próxima vez”, aonde se viu uma alusão aos fornos dos campos nazistas de extermínio.

Em uma linha paralela, Jean-Marie Le Pen fez comentários sobre um livro do primeiro-ministro socialista francês de origem espanhola, “Le vrai visage de Manuel Valls” (“O verdadeiro rosto de Manuel Valls”).

“Uma obra cheia de interesse sobre a verdadeira personalidade de um homem que foi durante grande parte de sua vida pró-palestino e que se transformou em pró-Israel ao se casar”, disse, em referência ao casamento de Valls com a violinista de origem judaica Anne Gravoin.

Le Pen também lançou ataques contra artistas como o humorista Guy Bedos, Madonna e Yannick Noah, que já criticaram publicamente o FN.

Um dos dois deputados do partido, Gilbert Collard, respeitado advogado criminalista, disse estar “cansado das cabriolas com as palavras (de Le Pen pai) que deixam hematomas na alma” e, em declarações hoje à “France Info”, acrescentou que, da mesma forma que “o rei de Espanha se aposenta, talvez seria bom que Jean-Marie o fizesse”.

Le Pen negou ter se referido ao extermínio de judeus e tachou de “imbecis” seus companheiros de partido que o interpretaram desse modo.

A associação SOS Racismo avançou que vai a formalizar uma denúncia nos próximos dias por esta “imunda e enésima fala”.

Le Pen pai foi condenado pela Justiça mais de uma vez por declarações racistas e de conteúdo antissemita, em particular por ter estimado que as câmaras de gás dos campos de extermínio nazistas tinham sido “um detalhe da história” da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Sua filha, desde que está à frente do partido, tentou se distanciar dessa imagem e desse tom.EFE

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