MST fala em tragédia anunciada e pede fim da impunidade

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/04/2017 13h52
Divulgação/Secretaria de Segurança-MT mst

O Movimento dos Sem-Terra (MST) considerou uma “tragédia anunciada” o assassinato de ao menos nove sem-terra, quinta-feira (20), no distrito de Taquaruçu do Norte, em Colniza, extremo norte de Mato Grosso. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a suspeita é de que os autores dos crimes sejam capangas de fazendeiros da região. Em nota, o MST alega que a chacina não é um fato isolado e lembra que há dois anos Josias Paulino de Castro e Irani da Silva Castro, dirigentes camponeses do município, foram assassinados 48 horas após denunciar ameaças para o ouvidor nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo a nota, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontou a região como uma das mais violentas do Brasil. “Essa onda de violência integra um avanço do modelo capitalista sobre os direitos dos trabalhadores, sobre a apropriação dos recursos naturais, terra, minerais e água. Avanço este potencializado pelo golpe que o Brasil está vivendo, e por projetos de lei como a PEC 215 que dispõem sobre as terras indígenas e quilombolas, a MP 759 que dispõe sobre a reforma agrária, e o PL 4059 sobre a compra de terras por estrangeiros, além de outros projetos e medidas provisórias que não são criados no sentido de resolver os problemas no campo, mas para aumentar a concentração fundiária”.

Ainda segundo a nota, nada está sendo encaminhado no sentido de impedir essas novas tragédias e “a repetição de outras que marcam o mês de abril, como Eldorado dos Carajás, que dia 17 completou 21 anos de impunidade” – em abril de 1996, dezenove sem-terra foram mortos em ação da Polícia Militar nesse município paraense. “Não podemos nos calar diante de tão grande dor; que nossa indignação alcance os responsáveis diretos e indiretos por este massacre, e que este não seja mais um caso de impunidade. Que o Estado não seja novamente conivente com os assassinos. A cada companheiro tombado, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta”, conclui o MST.

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