Alemanha propõe missão civil a União Europeia para combater epidemia de ebola

  • Por Agencia EFE
  • 19/10/2014 21h21

Berlim, 19 out (EFE).- A Alemanha anunciou neste domingo que irá propor à União Europeia (UE) a criação de uma missão civil para combater a epidemia do ebola na África, com o objetivo de unir o esforço “heroico” dos voluntários com o dos governos dos Estados-membros.

A proposta foi anunciada pelo ministro alemão de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, na Cúpula Mundial da Saúde iniciada neste domingo em Berlim. O Conselho de Ministros das Relações Exteriores da UE, que será realizado na segunda-feira, em Luxemburgo, também dará ênfase à epidemia.

O objetivo dessa missão civil será coordenar os esforços dos membros europeus comprometidos na luta contra a epidemia e controlar o envio de material e profissionais de saúde à região afetada, acrescentou o ministro.

“A Europa deve unir suas capacidades. A Alemanha já está capacitando voluntários para a região. Nas atividades de capacitação poderiam participar membros de outros países da UE”, sugeriu Steinmeier perante a Cúpula, composta por representantes de 90 países.

O ministro se referiu aos milhares de soldados e civis do Exército alemão que responderam à convocação do Ministério da Defesa para participar como voluntários na luta contra o ebola. Semanas atrás o primeiro contingente partiu à região afetada pela epidemia.

“Temos que agradecer ao generoso esforço desses heróis”, disse Steinmeier, em alusão aos voluntários “dispostos a lutar contra uma epidemia que, além de uma catástrofe humanitária, é um perigo para a estabilidade de toda a região”.

O discurso do ministro na Cúpula foi baseado nas advertências de especialistas sobre a dimensão da epidemia, que também tratou de evitar o pânico.

O virologista alemão Hans-Dieter Klenk, referência na pesquisa sobre o ebola, classificou como “extremamente baixa” a chance de ocorrer uma epidemia do vírus na Europa e disse que o contágio entre profissionais de saúde pode ser evitado com “medidas pontuais”.

“Os casos de contágio importados, ou seja, através de pacientes transportados à Europa ou aos Estados Unidos, são lamentáveis, mas evitáveis”, comentou o cientista.

Diretor do Instituto de Virologia da Universidade de Marburg, no oeste da Alemanha, Klenk qualificou como “exceções” os contágios de profissionais de saúde como os que ocorreram na Espanha e nos EUA e disse isso não deve ser motivo de pânico.

“Desde que o vírus foi detectado pela primeira vez, em 1976, houve muitas variações. Essa epidemia apresenta uma complexidade extraordinária já que, pela primeira vez, afeta regiões densamente povoadas e entre pessoas de grande mobilidade”, analisou.

Esse fato tornou a luta contra a propagação do ebola um “desafio para políticos e cientistas”, afirmou o enviado especial do governo alemão à zona afetada pela epidemia, Walter Lindner.

“A região inclui estados muito frágeis, que estavam à beira do colapso. Nossa obrigação, do Ocidente, é evitar haja um colapso no meio da crise humanitária e de saúde. Muitos elementos se juntaram nesta crise. O trabalho dos voluntários é, talvez, o legado positivo que ficará para o futuro”, acrescentou Lindner.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou na sexta-feira que o número de vítimas mortais do ebola já chega a 4.500 e o de infectados pelo vírus estaja em torno de 9.200, o que deve aumentar ao longo das próximas semanas. EFE

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