Analistas veem potencial econômico “infinito” para Cuba após acordo com EUA

  • Por Agencia EFE
  • 19/12/2014 16h28

Havana, 19 dez (EFE).- As possibilidades econômicas que se abrem para Cuba após o acordo de normalização de relações com os Estados Unidos “são infinitas” e poderiam acelerar as reformas econômicas de Raúl Castro para atualizar o modelo socialista da ilha, segundo afirmaram nesta sexta-feira analistas consultados pela Agência Efe.

“Acho que a mudança vai ser muito mais rápida do que pensamos porque as possibilidades são ilimitadas, principalmente porque se vai desbloquear um dos principais problemas de Cuba, que é a entrada de divisas”, disse à Efe o economista Omar Everleny, do Centro de Estudos da Economia Cubana (CEEC).

Embora não haja números oficiais, se estima que a cada ano entram em Cuba US$ 1,7 bilhão em remessas, fundamentalmente procedentes dos envios de dinheiro que cubanos exilados mandam a suas famílias, uma quantia “que se multiplicará exponencialmente” com as medidas de alívio do embargo anunciadas pelo presidente Barack Obama.

Este fluxo de dinheiro beneficiará principalmente à iniciativa privada que se abriu na ilha nos últimos quatro anos, com os negócios de trabalhadores autônomos, que já são cifrados em quase meio milhão de pessoas.

“Um número significativo destes negócios abriram graças às remessas enviadas por familiares e agora crescerão ainda mais”, comentou Everleny.

O economista também se referiu às possibilidades que se abrem para a Lei de Investimento Estrangeiro, aprovada em março, que “graças ao acordo com os Estados Unidos atrairá empresas estrangeiras que antes não se atreviam a investir na ilha por medo de sanções”.

Segundo Everleny, os US$ 2,5 bilhões que Cuba necessita para sustentar suas reformas econômicas “poderiam chegar quase integralmente para 2015”.

Com este diagnóstico concordou o analista e diplomata cubano Carlos Alzugaray, que afirmou à Efe que o restabelecimento dos vínculos diplomáticos entre Cuba e Estados Unidos abre “uma janela de oportunidade econômica” para ambos países, que todo o mundo vai querer aproveitar, inclusive a comunidade do exílio em Miami.

“Uma vez que tudo isto comece a funcionar, em um prazo mais ou menos de dois anos, eu acho que tudo vai mudar, que tudo é possível”, opinou Alzugaray, também ensaísta e acadêmico.

Neste novo cenário diplomático, a relação entre Cuba e a comunidade exilada de Miami vai aumentar, uma relação “que implica não só em fluxos de pessoa, mas também em fluxos de dinheiro”, concluiu o analista. EFE

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