Atual governo ucraniano busca se fortalecer com eleições legislativas

  • Por Agencia EFE
  • 22/10/2014 19h59

Boris Klimenko

Kiev, 22 out (EFE).- A Ucrânia realizará neste domingo sua primeira eleição parlamentar desde a chegada da oposição europeísta ao poder há oito meses, após um levante popular que derrubou o regime pró-Rússia de Viktor Yanukovich, pleito que deverá reforçar o atual governo baseado em Kiev.

Observadores presumem que a nova Rada Suprema (parlamento) que será formada será baseada em uma consolidação em torno do “dupla” do atual presidente do país, Petro Poroshenko, e o primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, no meio da rebelião do leste russófono.

Muito mudou no cenário político ucraniano desde as manifestações na emblemática Praça da Independência (Maidan), no centro de Kiev, principal local dos protestos.

As reivindicações foram organizadas por três partidos políticos: Batkivschina (Pátria) da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko e Arseni Yatseniuk; Udar (Golpe) do ex-boxeador Vitali Klitschko, e o ultranacionalista Svoboda (Liberdade).

Após a mudança de poder em Kiev e com a vitória do magnata Petro Poroshenko nas eleições presidenciais de 25 de maio, o partido liderado por ele, ao qual Klitschko se uniu, desponta como o favorito nas pesquisas de intenção de voto. Diferentes levantamentos apontam que a legenda é a favorita entre 24% e 39,8% dos eleitores.

Na segunda posição em ambas as pesquisas, com 7% e 11%, aparece o Partido Radical de Oleg Liashko, um partido polêmico e populista que ganhou força com a postura de rigidez em relação aos insurgentes pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk.

Após a cisão do partido Batkivschina de Tymoshenko, do qual saiu o primeiro-ministro Yatseniuk com sua Frente Popular, as duas formações disputariam pelo terceiro lugar, de acordo com as pesquisas, junto com a Posição Cívica do ex-ministro da Defesa Anatoli Gritsenko.

O bloco de Yatseniuk conseguiu dobrar suas intenções de voto em setembro, de 4,5% – insuficiente para entrar no parlamento – para 9%, segundo as pesquisas. O restante dos partidos não alcançaria os 5% necessários para ter representação parlamentar.

A nova Rada substituirá a que foi eleita em outubro de 2012, quando o Partido das Regiões do ex-presidente Yanukovich, agora refugiado na Rússia, era maioria.

O partido, que viu grande parte de seus deputados passar para outros blocos parlamentares, inclusive o de Poroshenko, após a derrocada de seu mentor, anunciou em setembro que não concorrerá.

O secretário da presidência do partido, Boris Kolesnikov, disse que a decisão foi baseada no fato de que os eleitores de seu colégio eleitoral, o reduto rebelde de Donetsk e Lugansk, não podem participar devido ao conflito.

De uma população de aproximadamente sete milhões de pessoas, apenas cerca de 2,5 milhões teriam direito a voto nessas duas regiões, onde ainda há conflitos mesmo com um cessar-fogo vigente desde 5 de setembro.

A própria Comissão Eleitoral Central admitiu que nessas regiões as eleições só poderão ser realizadas em lugares que estão sob controle das autoridades centrais.

Outros ausentes na nova câmara serão os comunistas. Após parte de seus deputados trocarem de partido e graças a uma ordem judicial, o bloco e o partido foram eliminados por ficarem abaixo do corte de 5%. EFE

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