Bachelet se compromete a reconstruir Valparaíso após incêndio devastador

  • Por Agencia EFE
  • 14/04/2014 16h45
EFE Incêndio destrói área do Chile e deixa milhares de desabrigados

Santiago/Valparaíso (Chile), 14 abr (EFE).- A presidente chilena, Michelle Bachelet, se comprometeu nesta segunda-feira a reconstruir “com todos os recursos que sejam necessários” a cidade de Valparaíso, assolada por um grande incêndio ainda ativo que deixou 13 mortos, 2.200 casas destruídas e mais de 8 mil afetados.

Pelo menos 1.300 bombeiros, brigadas da Corporação Nacional Florestal (Conaf), com apoio de 20 helicópteros e aviões cisterna, continuavam hoje combatendo o incêndio que começou neste sábado em um setor florestal próximo à cidade e rapidamente se expandiu para áreas povoadas de várias colinas vizinhas.

O fogo ganhou força hoje nos setores de Pajonal e Cerro Ramaditas, onde destruiu 250 casas.

“Quero expressar toda minha solidariedade e a do governo com as pessoas e as famílias que estão sendo afetadas”, declarou a governante, que nesta segunda-feira realizou uma reunião no Palácio de la Moneda com seus ministros para abordar os efeitos do incêndio.

Bachelet, que tinha liderado na véspera um comitê de emergência em Valparaíso, uma cidade portuária de 250 mil habitantes e situada a 120 quilômetros da capital, assegurou hoje que “está sendo levado adiante um esforço enorme para controlar este incêndio e levar a ajuda necessária na região”.

“Mas também para encontrar em outras regiões e fora do Chile o apoio em aviões que nos permitam controlar um incêndio e um fogo de dimensões nunca vistas”, acrescentou.

A Conaf antecipou que aplacar definitivamente o incêndio pode levar mais de 20 dias.

A localização geográfica de Valparaíso, banhada pelo oceano Pacífico em uma baía rodeada por 42 colinas, dificulta os trabalhos e também o fato de que sopram fortes ventos e as temperaturas sejam surpreendentemente elevadas para o outono austral.

A maior parte das casas destruídas pelo incêndio eram anosas, de material frágil e edificadas sobre as colinas, às quais dificilmente se pode chegar por estreitas ruas e majoritariamente de terra.

Do passado esplendoroso que tornou famoso o porto chileno no século XIX, pelas mãos do auge da mineração e como antessala obrigatória para o tráfego marítimo entre o Atlântico e o Pacífico através do estreito de Magalhães, resta muito pouco.

A riqueza arquitetônica da planície da cidade, forjada por urbanistas franceses e ingleses, foi dando passagem com o tempo a uma expansão descontrolada e a áreas de grande pobreza.

De fato, a região de Valparaíso registrou durante décadas altíssimas taxas de desemprego, independentemente do ritmo de crescimento geral do país.

Por isso, a maioria das duas mil famílias afetadas pelo fogo é de muito poucos recursos e perdeu no incêndio os poucos bens que possuía.

O ministro porta-voz, Álvaro Elizalde, anunciou hoje que o governo destinará de forma imediata US$ 1 milhão “para atenuar as primeiras necessidades da emergência”.

“É para a emergência e a retirada dos escombros. Não é a única ajuda. É apenas a primeira”, esclareceu Elizalde, que detalhou que atualmente há 1.200 pessoas hospedadas na dezena de albergues habilitados em escolas e centros públicos.

A presidente Bachelet, no entanto, fez um pedido aos moradores da cidade para manter a calma.

A governante explicou que se está fazendo todo o necessário “para começar a realocação, e depois, quando o controle do fogo permitir, em uma segunda fase, iniciar a reconstrução”.

As autoridades chilenas solicitaram às da Argentina o envio de aeronaves que ajudem a combater os focos de incêndio que ainda permanecem ativos, e assim “cobrir as zonas que poderiam ficar desprotegidas”.

“É desolador, mas o governo não os vai deixar sós”, assegurou o ministro Elizalde.

Ao mesmo tempo em que chegam as primeiras ajudas do governo, em Santiago e outras muitas cidades, autoridades e organizações sociais reúnem mantimentos e artigos de primeira necessidade.

Milhares de voluntários, especialmente jovens, se dedicam aos afetados organizando e distribuindo a ajuda humanitária e inclusive ajudando-os a remover os escombros ainda fumegantes de suas casas.

Esta é a segunda tragédia que abate o Chile em menos de um mês. No último dia 1º de abril um terremoto de 8,2 graus de magnitude sacudiu o extremo norte e deixou seis mortos e milhares de casas danificadas.

O governo de Bachelet, que assumiu seu segundo mandato em 11 de março, se encontra ainda definindo os trabalhos de reconstrução para as nortistas regiões de Iquique e Arica Parinacota.

A isso, deverá somar agora os esforços para pôr de pé novamente a cidade de Valparaíso, declarada patrimônio da humanidade pela Unesco em 2003. EFE

pm/rsd

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