Ban condena violação da trégua pelo Hamas e pede liberação de soldado
Nações Unidas, 1 ago (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou nesta sexta-feira a violação da trégua humanitária em Gaza por parte da milícia islamita do Hamas e pediu a libertação imediata do soldado israelense supostamente capturado na Faixa.
Ban, em uma declaração lida por seu porta-voz, disse que a ONU não pode confirmar independentemente o ocorrido nas últimas horas, mas se declarou “profundamente decepcionado” pelos eventos e assegurou que eles colocam dúvidas a credibilidade das garantias oferecidas pelo movimento islamita a Nações Unidas.
Além disso, Ban se mostrou “muito preocupado” pelo reinício dos ataques israelenses nesta manhã, que segundo lembrou provocaram já a morte de mais de 70 palestinos.
“Ao invés de dar às duas partes, especialmente aos civis de Gaza, uma pausa muito necessária para atender aos feridos, enterrar os mortos e reparar infraestruturas vitais, esta ruptura do cessar-fogo está levando a uma nova escalada” do conflito, disse Ban.
O diplomata coreano pediu que as partes mostrem a “máxima moderação” e retomem a trégua humanitária de 72 horas pactada ontem e que “tragicamente durou tão pouco tempo”.
Os combates em Gaza foram retomados nesta sexta-feira poucas horas depois da entrada em vigor desse cessar-fogo e, desde então, morreram pelo menos 70 palestinos e dois soldados israelenses, enquanto outro foi supostamente capturado.
Em declarações aos jornalistas, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman, assegurou que ontem a organização tinha recebido “garantias” de todas as partes de que respeitariam a trégua, por isso que se mostrou “muito decepcionado” por que esta durou apenas “90 minutos”.
Segundo Feltman, se trata de uma “trágica oportunidade perdida” e será “extremamente difícil” conseguir parar o aumento da tensão.
Especialmente, assegurou Feltman, depois da suposta captura do soldado israelense, pelos precedentes que existem de anteriores ocasiões nas quais isso ocorreu.
O diplomata americano lembrou que a trégua foi anunciada após “um esforço diplomático muito complexo” e incluía um acordo para que delegados palestinos e israelenses negociassem sob mediação egípcia uma cessação permanente das hostilidades.
“É difícil ver como essas conversas podem funcionar agora”, admitiu Feltman, que assegurou que a ONU seguirá trabalhando para conseguir sua grande prioridade, deter a violência.
O responsável da ONU lamentou a “desumanização” que “ambos grupos” fizeram do oponente desde a explosão do conflito e expressou sua preocupação com a “crescente polarização”.
Enquanto isso, as agências de emergência que trabalham em Gaza pediram hoje US$ 369 milhões para responder às necessidades humanitárias, especialmente, para facilitar remédios e água à população, explicou o porta-voz de Ban, Stéphane Dujarric.
A situação dos civis na Faixa está crítica para essas agências e “a ruptura do cessar-fogo acrescentará a uma carga já intolerável”, assinalou.
A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) informou que está dando cubro a 225 mil deslocados, um aumento de 10% nas últimas 24 horas, segundo indicou Dujarric. EFE
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