Bombardeios liderados pelos EUA contra o EI podem ter matado quase 600 civis
Washington, 3 ago (EFE).- Apesar de os Estados Unidos defenderem que os bombardeios contra o Estado Islâmico (EI) são os mais precisos da história militar, a ONG Airwars afirmou nesta segunda-feira que quase 600 civis podem ter sido mortos nos ataques.
A Airwars, composta por jornalistas independentes que contabilizam e investigam a ofensiva aérea no Iraque e na Síria, estima que entre 459 e 591 civis morreram em bombardeios da coalizão internacional contra o EI, liderada pelos americanos.
Em um ano, a aliança realizou cerca de 5.700 ataques aéreos nos dois países. No entanto, o Comando Central dos EUA, responsável pelas operações militares no Oriente Médio, só confirmou a “possível” morte de duas crianças em novembro do ano passado.
Apesar de o comandante que lidera os ataques, o tenente-general John Hesterman, ter garantido em junho que os bombardeios são os “mais disciplinados e precisos” da história, a Airwars estima que, de todas as vítimas civis, mais de 100 eram crianças.
“A Airwairs está preocupada porque o sistema de controle da coalizão não leva em consideração muitos relatórios de morte de não combatentes”, afirmou a organização.
No relatório, a Airwars lamenta que as autoridades só tenham reconhecido possíveis erros em um terço dos 118 casos considerados como suspeitos.
Além disso, o documento critica a falta de transparência da maioria dos países integrantes da coalizão internacional contra o EI, que, por enquanto, só investigam três possíveis mortes de civis nos bombardeios.
A Airwars considera que o ataque contra uma fábrica de explosivos do EI na cidade de Hawija, no Iraque, no último dia 3 de junho, foi o mais mortífero até o momento, com mais de 70 civis mortos.
O Comando Central dos EUA afirmou que as denúncias são “críveis” e abriu uma investigação sobre o caso.
Já na Síria, a Airwars indica que ao menos 58 prisioneiros do EI morreram em um ataque ocorrido no final de dezembro em Al Bab.
O relatório se baseia em notícias de jornalistas, grupos locais e evidências gráficas divulgadas na internet para elaborar as estimativas.
A organização afirma que a falta de transparência nos relatórios de vítimas civis acaba sendo utilizado como propaganda pelos jihadistas para alimentar a oposição contra as forças da coalizão.
O relatório da Airwars é especialmente crítico pela ausência de informações públicas entre os membros árabes da aliança (Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Jordânia), assim como a Bélgica, Austrália e Dinamarca.
O único país, segundo a organização, que fornece informações pouco depois dos ataques é o Canadá, indicando também data e local dos bombardeios sem atrasos ou imprecisões excessivas, conforme a organização.
França e Reino Unido também participam da ofensiva aérea e são, junto com os EUA, os membros mais ativos da coalizão. EFE
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