Brasileiro e nove réus vivem últimas horas antes da execução na Indonésia

  • Por Agencia EFE
  • 28/04/2015 00h54

Bangcoc, 28 abr (EFE).- Um grupo de réus condenados à morte por narcotráfico na Indonésia, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, vive suas últimas horas antes das autoridades do país realizarem suas execuções, apesar dos novos pedidos de clemência de vários governos.

Gularte é um dos dez presos que deverá enfrentar o pelotão de execução na prisão de Nusakambang, em Java Central, onde já está sendo mantido junto a dois australianos, um francês, uma filipina, três nigerianos, um ganês e um indonésio.

Nesta terça-feira se encerra o prazo de 72 horas dado pela Justiça da Indonésia para o início das execuções. No entanto, não há data nem horário definidos pelas autoridades, algo que deve ser anunciado pelo procurador-geral, Muhammad Prasetyuo, ao longo do dia.

O porta-voz da promotoria, Tony Spontana, disse que os preparativos para as execuções foram 100% completados, e que o pelotão de fuzilamento está a postos em Nusakambang desde sábado. Porém, também evitou cravar uma data para as mortes.

“Saberemos em breve. Mas parece que será nesta semana, porque os preparativos estão 100%. Há tempo. O procurador-geral fará o anúncio”, disse Spontana em entrevista à emissora local “Metronews”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a presidente Dilma Rousseff, o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, além de líderes de outros governos e representantes de várias organizações internacionais pediram clemência aos condenados.

O governo de Joko Widodo, que em janeiro executou seis réus, incluindo o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, rejeitou até agora todos os pedidos, pediu respeito à lei da Indonésia e defendeu o uso da pena capital como medida para dissuadir possíveis criminosos de praticarem o tráfico de drogas.

Nas últimas horas, o Tribunal Constitucional da Indonésia aceitou escutar no dia 12 de maio uma nova apelação sobre o caso dos australianos, mas o procurador-geral do país alertou que isso não afetaria o curso das execuções.

Chan e Sukumaram foram condenados à morte em 2006 como líderes de uma quadrilha de traficantes chamada os “Os 9 de Bali”. Em 2005, eles tentaram introduzir no país oito quilos de heroína vindos da Austrália.

“Se formos realistas, não há muitas esperanças”, disse Julian McMahon, advogado da dupla, em entrevista à emissora australiana “ABC”.

Chan aproveitou as últimas horas para se casar com Febyanti Herewila, uma cerimônia realizada na prisão com a presença de vários parentes e familiares.

No caso de Gularte, a Justiça negou os pedidos de clemência da defesa, que alegou que o brasileiro não deveria ser executado porque sofre de esquizofrenia.

O Ministério das Relações Exteriores tentou intervir mais uma vez nesta segunda-feira, entregando uma nota de protesto ao governo da Indonésia. No documento, o governo brasileiro considera a execução de Gularte como “inaceitável”.

Além de Gularte e dos australianos, os outros condenados são: o francês Serge Atresi Atlaoui, a filipina Mary Jane Veloso, o ganês Martin Anderson, o indonésio Zainal Abidin e os nigerianos Raheem Agbaje, Silvester Obiekwe Nwaolise e Okwudili Oyatanze.

A pena de morte na Indonésia é aplicada a portas fechadas com um pelotão de dez fuzileiros, salvo ordem contrária do presidente.

As execuções deveriam ter ocorrido em fevereiro, mas os recursos apresentados pelos réus e a pressão internacional deram mais alguns meses de vida aos presos que estão no corredor da morte.

A Indonésia, que retomou as execuções em 2013 após cinco anos de trégua, tem 133 prisioneiros no corredor da morte, dos quais 57 são por narcotráfico, dois por terrorismo e 74 por outros delitos. EFE

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