Campanha de Dilma compara discurso de Marina com os de Collor e Jânio

  • Por Agencia EFE
  • 02/09/2014 18h24

Brasília, 2 set (EFE).- A campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição subiu nesta terça-feira o tom de suas críticas à candidata à presidência Marina Silva, do PSB, e insinuou que sua proposta de governar sem partidos poderia levá-la a uma situação semelhante às ocorridas com Jânio Quadros e Fernando Collor quando chefiavam o governo.

“Duas vezes na nossa história, o Brasil elegeu salvadores da pátria, chefes do partido do eu sozinho”, disse a propaganda eleitoral de Dilma na televisão, intercalando imagens do ex-presidente Jânio Quadros com outras do impeachment de Fernando Collor de Mello.

“A gente sabe como isso terminou. Sonhar é bom. Mas eleição é hora de botar o pé no chão e voltar à realidade”, acrescentou o locutor no vídeo.

Jânio governou por apenas sete meses, de janeiro de 1961 até agosto daquele mesmo ano, quando renunciou ao poder, e sua saída deu início a um processo que desembocou no golpe militar de 1964.

Já Collor assumiu a presidência em 1990 e renunciou dois anos depois sem nenhum apoio político, em meio a um escândalo de corrupção e um processo de impeachment. Ambos chegaram ao poder com um discurso contra o que chamavam de “velha política” e fazendo oposição aos partidos tradicionais.

Na propaganda eleitoral de Dilma, foram reproduzidas declarações da atual presidente durante o debate de ontem, realizado pelo canal “SBT” em conjunto com o jornal “Folha de S. Paulo”, o site “UOL” e a rádio “Jovem Pan” e que contou com a participação dos sete candidatos com maior intenção de voto nas últimas pesquisas.

“Candidata, sem apoio no Congresso Nacional, não é possível assegurar um governo estável, um governo sem crises institucionais”, disse Dilma durante o debate.

Desde que Marina Silva assumiu o lugar de Eduardo Campos como candidata do PSB há apenas 20 dias, todas as pesquisas mostraram que nenhum dos candidatos terá mais de 50% dos votos no primeiro turno, o que indica a disputa de um segundo entre os dois melhores colocados.

A pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira revelou que Marina e Dilma estão empatadas no primeiro lugar nas intenções de voto para o primeiro turno. Já na simulação de segundo turno entre as duas, o Datafolha revelou que a candidata do PSB venceria a atual presidente.

Dilma também voltou a criticar Marina em um evento realizado hoje em São Bernardo do Campo, no qual esteve acompanhada pelo ex-presidente Lula.

Assim como no debate, a atual chefe de Estado atacou o programa econômico de Marina, ao afirmar que sua proposta de limitar a ação dos bancos estatais no financiamento da atividade industrial e de outras áreas produtivas pode levar ao desemprego.

“Fiquei muito preocupada com o programa da candidata Marina, porque ela reduz a pó a política industrial” ao tirar “o poder dos bancos públicos de participar do financiamento da indústria e da agricultura”, declarou.

“Fico muito preocupada quando querem acabar com o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, acrescentou a presidente.

Dilma argumentou que limitar a ação dos bancos públicos, que tiveram grande papel na economia durante o combate à crise global, terá um forte impacto sobre o desemprego, que está em torno de 5,5%.

Além disso, a candidata à reeleição pelo PT acrescentou: “Nós temos uma métrica, é o que gera emprego. Gerou emprego é fundamental e é bom para o país. Desempregou, é ruim para o país”. EFE

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