Cazaquistão espera que UE e Rússia superem diferenças por Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 03/03/2015 14h51

Bruxelas, 3 mar (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão, Erlan Idrissov, disse nesta terça-feira confiar que a União Europeia (UE) e Rússia, “dois parceiros fortes” de seu país, superem o impasse em suas relações provocado pela crise ucraniana, que está tendo um efeito também na economia cazaque.

“Esperamos que este período nas relações entre Rússia e Europa fique no passado”, disse em entrevista Idrissov à Agência Efe.

O ministro, que hoje participa de um conselho de cooperação entre a UE e o Cazaquistão em Bruxelas, declarou que “tanto a UE como a Rússia são parceiros fortes do Cazaquistão, particularmente em assuntos comerciais”. “Por isso, quando vemos suas relações piorar, isso não nos satisfaz”, frisou.

Para Idrissov, a política de sanções que a UE e outros países como os Estados Unidos impuseram à Rússia por seu papel na crise ucraniana é “contraproducente e não cumpre seus objetivos originais”.

“Temos efeitos colaterais da política dos países ocidentais para com a Rússia” que afeta também o comércio, “e isso é uma carga para nossa sociedade”, comentou.

Segundo o político, o Cazaquistão, como produtor de petróleo e gás, sofre “uma carga adicional” em sua economia por causa da “drástica redução dos preços do petróleo”.

“Acho que ninguém tem confiança que os acordos de Minsk sejam implementados completamente”, disse Idrissov sobre os pactos entre as autoridades ucranianas e os separatistas pró-Rússia para tentar instaurar a paz no leste da Ucrânia.

“Falo apenas de esperança. O Cazaquistão tem uma esperança muito forte de que todas as partes envolvidas estarão à altura do espírito dos acordos de Minsk”, afirmou, ressaltando que se trata de um “assunto muito complexo”.

O ministro assegurou que seu país “tenta ter um papel proativo em minimizar os efeitos negativos desta situação tão infeliz”, e que para isso está em contato com os líderes de Rússia, Ucrânia e UE para “tentar apresentar nossa própria contribuição para levar paz e estabilidade à Ucrânia”.

Idrissov elogiou a força da relação “estratégica” do Cazaquistão com a UE depois que as partes acertaram em janeiro um novo acordo para reforçar sua associação e cooperação, que espera que seja assinado neste ano e que aprofundará seu diálogo em âmbitos como segurança, meio ambiente, energia, comércio, investimentos e Estado de direito.

“O Cazaquistão está crescendo como sociedade em qualidade, a natureza da coordenação com a UE está mudando”, apontou.

Idrissov acrescentou que seu país quer se concentrar em reforçar a relação comercial e econômica.

A União Europeia é o principal parceiro comercial do Cazaquistão, de modo que mais da metade do comércio é feito com a Europa, e mais da metade dos investimentos diretos vêm da União, indicou o ministro, que lembrou que, para a UE, seu país é seu “aliado mais importante na Ásia Central”.

“O Cazaquistão tem um plano estratégico de desenvolvimento a longo prazo, e Europa desempenhará um papel muito importante nesta região”, afirmou.

No que diz respeito à antecipação das eleições presidenciais para 26 de abril, anunciada pelo presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, que está no poder há mais de 25 anos, o ministro enfatizou que não se trata de “um fenômeno único” e que vários países europeus anteciparam eleições nos últimos anos.

“Há muitas razões para isso. Em 2016 teríamos duas eleições ao mesmo tempo, as presidenciais e as parlamentares, e isso não é bom em termos de orçamento e de organização, porque significaria uma carga adicional para os contribuintes”, comentou.

Outra razão que ele apontou é a situação econômica global e regional. Para Idrissov, 2016 será um “ano crucial” para a preparação de diversos eventos que seu país receberá, como a Expo e os Jogos Universitários de Inverno em 2017, além das tentativas de ocupar uma cadeira não permanente no Conselho de Segurança da ONU para 2017 e 2018.

Idrissov ressaltou, além disso, que as eleições serão antecipadas em seu país por pedido popular, garantiu que elas serão “muito abertas, transparentes e democráticas” e que contarão com observadores internacionais. EFE

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