Centenas de milhares de iranianos marcham em protesto contra Israel

  • Por Agencia EFE
  • 25/07/2014 10h22

Ana Cárdenes e Artemis Razmipour

Teerã, 25 jul (EFE).- Centenas de milhares de iranianos tomaram nesta sexta-feira as ruas em Teerã e outras cidades do país para comemorar o Dia de Al Quds (Jerusalém) em uma mostra de apoio ao povo palestino e de condenação do que consideram um “massacre” realizado por Israel na Faixa de Gaza.

“Morte a Israel!” e “Morte à América!”, foram alguns dos gritos mais escutados em uma manifestação pacífica que começou no começo da manhã nas ruas de Engelab e Keshabars, e que se dirigiu para a Universidade de Teerã, onde terminou com a realização do principal sermão do meio-dia da sexta-feira.

Os manifestantes levavam cartazes com slogans como “Palestina é uma parte inseparável do mundo islâmico”, “Deixem de matar as crianças de Gaza”, “Deus maldiga o povo dos impiedosos”, ou “66 anos de Genocídio”, em referência à idade do Estado de Israel.

Vários manifestantes também levavam bonecos caricaturizando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com aspecto maligno e sangue caindo de sua boca.

Algumas mulheres, vestidas com o conservador chador preto que cobre seu corpo totalmente, levavam bonecos de bebês manchados com pintura vermelha e enrolados em uma kufiya (lenço árabe símbolo da causa palestina), para protestar pela morte de centenas de crianças na última ofensiva israelense.

Nos últimos 18 dias, os ataques israelenses causaram a morte de mais de 800 palestinos e ferimentos em mais de 5.000, a maioria deles civis e muitos menores, na operação militar Limite Protetor contra a Faixa.

Também morreram um tailandês e 36 israelenses, 34 deles militares, durante a operação ou devido aos foguetes lançados pelas milícias palestinas contra território israelense.

“Isto é o mínimo que podemos fazer, o povo de Gaza e Palestina estão muito oprimidos perante a arrogância e nós estamos aqui hoje para expressar que os defendemos”, disse à Agência Efe Fateme Nayeb Zadeh, uma manifestante de cerca de 50 anos.

O clérigo e professor universitário Mehdi Mohebzadeh assinalou que foi à manifestação para “apoiar a luta com o regime usurpador sionista e o falso regime racista israelense” e para “defender o povo oprimido da Palestina e o grande objetivo que é a libertação da nobre Al Quds”.

“São uns desumanos”, diz outra iraniana que afirma que veio “para defender os palestinos oprimidos, seguindo a palavra do líder supremo (aiatolá Ali Khamenei)” e se declara estar “muito preocupada” com os ataques diários e a incursão militar israelense terrestre na região.

As manifestações de hoje foram realizadas em mais de 770 povoados e cidades iranianas, e nelas participaram milhões de pessoas, segundo a agência estatal “Irna”.

Este ano, o presidente iraniano, Hassan Rohani, assim como outros líderes políticos e religiosos tinham pedido ao povo para participar “maciçamente” nos atos do Dia de Al Quds, para mostrar sua condenação ao sangrento ataque contra Gaza e denunciar a falta de ação da comunidade internacional para pôr fim à violência.

Rohani pediu a Israel que ponha fim à ofensiva – que qualificou de “desumana” e “genocídio” – e que retire o bloqueio a Gaza, assinalando que as armas “não podem ajudar por mais tempo o regime sionista a continuar a ocupação de terras palestinas”, informou a “Irna”.

“A grande paticipação nas manifestações do Dia de Al Quds é uma promessa da inevitável vitória da nação palestina”, avaliou Marzie Afjam, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Os palestinos, acrescentou, não têm outra escolha mais que resistir às forças de ocupação até que chegue “a libertação de Jerusalém” e a consecução de seus direitos.

Tanto muçulmanos como não muçulmanos devem apoiar sua causa e mostrar sua solidariedade contra o regime sionista, opinou.

O Dia de Al Quds é comemorado no Irã desde 1979, quando o líder da revolução islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, após assumir o poder, declarou que este dia seja celebrado a cada ano coincidindo com a última sexta-feira do mês do Ramadã. EFE

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