Colômbia chama embaixador na Venezuela para consultas por crise na fronteira

  • Por Agencia EFE
  • 27/08/2015 21h59

Bogotá, 27 ago (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, chamou nesta quinta-feira para consultas o embaixador do país na Venezuela, Ricardo Lozano, devido à postura do governo de Nicolás Maduro durante a crise na fronteira.

“Eu privilegiei o diálogo e a diplomacia, algo que continuarei fazendo. Mas não posso permitir que a Venezuela trate os colombianos e o governo da Colômbia dessa forma”, disse Santos.

Um dos fatos que motivou a medida foi a recusa da Venezuela em permitir a entrada do defensor público da Colômbia, Jorge Armando Otálora, para tratar sobre os deportados. Desde o início da crise, mais de mil colombianos foram obrigados a voltar para casa pelo governo do país vizinho.

Santos indicou que deu instruções para a chanceler María Ángela Holguín chamar Lozano e convocar uma reunião da União de Nações Sul-Americanos (Unasul), cujo secretário-geral é o ex-presidente colombiano Ernesto Samper, alvo de fortes críticas no país devido ao seu suposto alinhamento com Maduro.

“Queremos contar ao mundo, começando pela Unasul, o que está ocorrendo, mostrar o que está ocorrendo porque isso é totalmente inaceitável”, ressaltou o presidente colombiano.

Santos fez o anúncio horas depois do cancelamento de encontro na fronteira entre o defensor público colombiano com o governador do estado venezuelano de Táchira, José Vielma Mora, para “iniciar um processo de verificação” das propriedades deixadas pelos deportados no país vizinhos, explicou Otálora à Agência Efe.

A visita foi combinada ontem, na reunião realizada na cidade colombiana de Cartagena entre Holguín e a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, na qual os países não chegaram a um acordo para resolver a crise que fechou a passagem mais movimentada entre eles.

A fronteira está bloqueada desde a última quinta-feira por ordem de Maduro, como parte de uma campanha contra o contrabando e a presença de supostos paramilitares. A medida foi tomada após um ataque que deixou feridos três soldados e um civil feridos. Depois, o presidente da Venezuela declarou estado de exceção em três municípios da região fronteiriça.

Além dos mil colombianos deportados, outros 4.620 deixaram a Venezuela por temerem o mesmo destino, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Santos disse que a Colômbia “privilegia o diálogo e diplomacia”. E disse esperar que a Venezuela “tenha a mesma atitude”.

“Até agora o que vimos é nenhuma vontade nem para o diálogo nem para soluções diplomáticas. São soluções de força ou atitudes como as que vieram sendo tomadas com nossos compatriotas, que merecem respeito”, afirmou o presidente colombiano.

Horas antes, em um ato público em Caracas, Maduro afirmou que não abrirá a fronteira até que a Colômbia proíba a venda de produtos venezuelanos de contrabando em seu território. EFE

lb/lvl

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.