Combates prosseguem em Gaza em meio a indícios que diálogo pode ser retomado

  • Por Agencia EFE
  • 22/08/2014 16h03

Gaza/Jerusalém, 22 ago (EFE).- O exército israelense e as milícias palestinas prosseguiram nesta sexta-feira os combates, em meio a tênues indícios que apontam, no entanto, que a negociação para o cessar-fogo pode ser retomada em breve.

O otimismo se sustenta em declarações de ontem à noite de uma fonte próxima ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e no encorajador resultado da primeira reunião em Doha do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e do líder político do movimento islamita Hamas no exílio, Khaled Meshaal.

Ambos voltaram a reunir-se nesta mesma manhã na capital do Catar sob os auspícios do emir Tamin bin Hamad Al-Thani para tentar aproximar as posturas que lhes distanciam sobre o controle da segurança na Faixa, sob controle do Hamas.

Abbas e Meshaal concordam que a suspensão do bloqueio econômico e do assédio militar com o qual Israel estrangula Gaza – com ajuda do Egito – são o objetivo prioritário, junto à abertura da fronteira em Rafah, do corredor à Cisjordânia, do porto e do aeroporto.

Mas discordam na forma como alcançá-lo, pois Abbas respalda a proposta do Egito – que pede um cessar-fogo primeiro e a negociação do alívio do bloqueio depois -, proposta que Israel vê com bons olhos.

Meshaal, por sua parte, considera que essa opção já fracassou em 2012, após o conflito anterior com Israel, e insiste para que as medidas de alívio concretizem-se ao mesmo tempo que o cessar-fogo, para o que conta com o apoio de Catar e Turquia.

“Se ambos terminam viajando ao Cairo, como se especulou toda a semana, é que as negociações avançaram na direção esperada”, declarou hoje à Agência Efe um responsável palestino que pediu para não ser identificado.

Ontem à noite, pouco depois de uma reunião entre os dois dirigentes palestinos, uma fonte oficial israelense explicou ao jornal “Haaretz” que Israel também analisa a opção de renovar o cessar-fogo.

A última trégua foi rompida na terça-feira passada, após mais de uma semana de contatos indiretos no Cairo e entre acusações mútuas de violação.

Desde então, cerca de 50 palestinos morreram em ataques israelenses em resposta a lançamentos de mísseis de Gaza, o que elevou a mais de 2.050 o número de mortos em bombardeios na Faixa, a maioria deles civis.

Além disso, três israelenses ficaram feridos hoje na queda de um foguete sobre uma sinagoga no porto mediterrâneo de Ashdod.

“Israel está atualmente seguindo o caminho da mediação egípcia. O final da operação, acreditamos, deve ser alcançado através do Cairo”, afirmou a fonte israelense, que o jornal não identificou.

As negociações aprofundaram a divisão sobre o conflito que paira sobre o gabinete israelense, com os ministros ultranacionalistas pressionando Netanyahu para que prossiga com uma guerra que em 41 dias já custou ao erário mais de US$ 2,5 bilhões.

O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, acusou na semana passada o chefe do governo de ocultar informação sobre o diálogo, enquanto o titular de Economia, Naftali Bennett, reiterou, após a ruptura da trégua, que a operação bélica deve continuar “até o Hamas ajoelhar”.

Na quarta-feira, após saber que o exército tinha conseguido matar três comandantes de alta categoria do Hamas, Netanyahu subiu o tom, pediu a seus ministros que falassem menos e disse que a ocultação buscava evitar vazamentos.

O êxito da operação contra os responsáveis das Brigadas Azedim al-Qassam, braço armado do Hamas, no sul de Gaza, parece ter outorgado ao chefe do governo o instrumento que necessitava para aliviar as tensões internas e avançar para uma solução.

E também bateu nas milícias palestinas, que executaram hoje 18 pessoas acusadas de colaborar com Israel.

Segundo o site “Al Majd” e a agência de notícias local “Al Ray”, ambos ligadas ao Hamas, pelo menos 11 desses supostos colaboradores foram assassinados a tiros em uma delegacia do centro de Gaza “após serem julgados” em cortes revolucionárias estabelecidas pelo grupo.

Outros sete homens foram igualmente executados, desta vez em público, por homens encapuzados e vestidos com o uniforme das milícias diante de uma mesquita em Gaza, informaram testemunhas.

“Estavam do lado de Israel, deram informação sobre a localização dos túneis e bombas-armadilha para os tanques, assim como informação sobre as famílias dos lutadores, do lugar de onde lançamos os foguetes”, explicaram as Brigadas.

Antes de matar Mohamad Abu Shamala, Raed al-Attar e Mohamad Barhum, o exercito israelense também tentou eliminar, aparentemente sem sucesso, seu chefe Mohamad al Deif, líder das Brigadas, em um ataque no qual morreram sua mulher e dois de seus filhos. EFE

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