Coreias acertam últimos detalhes de reunião para diminuir tensão regional

  • Por Agência EFE
  • 08/01/2018 11h16
EFE EFE A participação norte-coreana em PyeongChang e um maior entendimento entre as duas Coreias poderiam contribuir para diminuir a tensão regional

As duas Coreias acertaram nesta segunda-feira os últimos detalhes da grande reunião, a primeira em mais de dois anos, que realizarão nesta terça-feira (09) com o foco posto na participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno e na redução das tensões na região.

O início do encontro já ficou fixado para 10h (horário sul-coreano, 23h de hoje em Brasília), da mesma forma que a composição das duas delegações que se sentarão para conversar.

Entre os detalhes menores que falta elucidar está, segundo indicou à Agência Efe o Ministério de Unificação da Coreia do Sul, o número de pessoas que acompanharão a delegação norte-coreana à reunião, já que esta acontecerá na Peace House (“Pavilhão da Paz”) da faixa Sul da aldeia de Panmunjom, na militarizada fronteira inter-coreana.

À frente do grupo norte-coreano estará Ri San-gwon, que desde novembro dirige a entidade encarregada de gerir assuntos sul-coreanos em Pyongyang e é um rosto conhecido no que se refere a reuniões Norte-Sul, uma vez que desde 2006 comandou várias representações norte-coreanas em reuniões para assuntos militares.

A delegação sul-coreana, que também consta de cinco membros, terá como máximo representante o ministro de Unificação, Cho Myoung-gyon, e incluirá dois dos seus vice-ministros – um dos quais, Chun Hae-sung, tem também experiência prévia em encontros com o Norte – e outros dois vice-titulares da pasta de Esporte.

É a primeira vez que Seul envia a uma reunião de alto nível um ministro de Unificação acompanhado de adjuntos, o que salienta o interesse de aproveitar ao máximo este crucial encontro para assim atenuar o ambiente após um 2017 extremamente tenso na península.

“Depois das conversas de alto nível desta semana haverá a necessidade de continuar as discussões em nível de trabalho. Esse é o motivo pelo qual o governo compôs assim a delegação”, disse o próprio Cho à agência de notícias sul-coreana “Yonhap”.

O ministro lembrou que o principal tema a tratar será o envio potencial de uma representação norte-coreana aos Jogos Olímpicos de Inverno que acontecem a partir do próximo dia 9 de fevereiro no condado sul-coreano de PyeongChang, mas ressaltou que Seul fará o possível para pôr outros assuntos sobre a mesa.

“Basicamente, as duas partes se centrarão nos Jogos. E na hora de tratar as relações inter-coreanas, o governo buscará trazer o assunto das famílias separadas pela guerra e maneiras de aliviar tensões militares”, assegurou.

A reunião de amanhã acontecerá depois que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, agradeceu em sua mensagem de Ano Novo a predisposição ao diálogo demonstrada pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e expressou seu desejo de melhorar laços com o Sul e de enviar uma delegação aos Jogos de PyeongChang.

Diante disso, Coreia do Sul e Estados Unidos decidiram atrasar suas manobras militares anuais – as quais o regime norte-coreano considera um ensaio para invadir seu território – para depois das Olimpíadas de Inverno.

A participação norte-coreana em PyeongChang e um maior entendimento entre as duas Coreias poderiam contribuir para diminuir a tensão regional depois de um 2017 marcado pelos contínuos testes de armas norte-coreanos e as beligerantes respostas do presidente americano, Donald Trump, dirigidas a Pyongyang.

No entanto, como lembrou Kim no seu discurso de Ano Novo, a desnuclearização da Coreia do Norte continuará sem ser negociável e o regime continuará optando pelo desenvolvimento do seu programa armamentista com o objetivo de dissuadir os EUA de intervir no seu território.

De fato, hoje mesmo, Lee Do-hoon e Kenji Kanasugi, os delegados da Coreia do Sul e Japão nas conversas para a desnuclearização do regime – suspensas desde 2007 -, se reuniram em Seul para tratar os últimos desenvolvimentos na península.

Lee ainda pretende viajar aos EUA no dia depois do encontro inter-coreano para encontrar seu homólogo americano, Joseph Yun, e informar-lhe do que foi tratado nesta crucial reunião.

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