Crise no Brasil trava elo com Pacífico, diz Macri

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/07/2016 09h42
JCB170 DAVOS (SUIZA) 22/01/2016.- El presidente de Argentina, Mauricio Macri, interviene en una mesa redonda durante la cuadrigésimo sexta edición del Foro Económico Mundial en Davos (Suiza) hoy, 22 de enero de 2016. EFE/Laurent Gillieron EFE/Laurent Gillieron Novo presidente da Argentina Mauricio Macri foi a grande estrela sul-americana no Fórum Econômico Mundial em Davos

O presidente argentino Mauricio Macri defendeu, na última quinta-feira (30), que o Mercosul e a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru, Colômbia e México, componham uma área de livre comércio, mas ressaltou que, para isso, o Brasil precisa voltar à normalidade o quanto antes. 

No papel de observador convidado para a cúpula do bloco, realizada na cidade chilena de Puerto Varas, ele se referia ao processo de impeachment que levou ao afastamento de Dilma Rousseff e à interinidade de Michel Temer.

“O Brasil tem de encaminhar sua situação o quanto antes para que se consiga avançar nos acordos do Mercosul com a Aliança do Pacífico”, disse a jornalistas, antes de fazer seu discurso. Uruguai e Paraguai já tinham o status de observador do bloco, situação que a Argentina obteve este ano. 

Em declarações reproduzidas por canais de televisão e jornais argentinos, o líder portenho opinou que o Mercosul “está congelado há muito tempo e os dois blocos precisam convergir no futuro para um acordo de livre comércio”. O chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, afirmou ao jornal argentino La Nación que o objetivo do bloco sul-americano é avançar num pacto desse tipo. Ele sugere que o Paraguai coordene esse processo.

A Aliança do Pacífico foi criada, em 2011, como mecanismo de integração econômica aberta ao livre comércio. Cerca de 90% dos produtos dos países circulam com tarifa zero e a região concentra 41% do investimento estrangeiro na América Latina. 

Na avaliação do economista-chefe do Instituto Argentino de Economistas de Finanças, Alfredo Gutiérrez Girault, o processo de integração dos blocos tende a ser longo. Girault vê correção de rumo na economia brasileira, o que poderia indicar a estabilidade desejada por Macri, e não acredita que o presidente argentino esteja substituindo a liderança brasileira no Mercosul, “a vantagem de se aproximar dos países emergentes é que eles são trampolins para Estados mais dinâmicos no mundo. Se os asiáticos crescem 6%, vale a pena a parceria.” Segundo o FMI, o Peru crescerá este ano 3,7%, a Colômbia, 2,5%, o México, 2,4%, e o Chile, 1,5%. 

Em visita a Buenos Aires, em maio passado, o chanceler brasileiro José Serra (PSDB-SP) defendeu a flexibilização do Mercosul através de uma união aduaneira para que seus integrantes pudessem negociar parcerias com mais autonomia. Após deixar a Argentina, sua sugestão foi rejeitada por sua colega argentina, Susana Malcorra, que considerou “no mínimo, inoportuno” abrir mão de agir em bloco em meio a uma discussão de um acordo com a União Europeia. Em relação à necessidade de aproximação com a Aliança do Pacífico, os vizinhos têm demonstrado sintonia. 

A situação geral no Brasil foi um dos fatores que levaram ao cancelamento da reunião de presidentes do Mercosul, marcada para o próximo dia 12, em Montevidéu. A pauta principal, entretanto, é a instabilidade na Venezuela, que faz o Paraguai ser contra a obediência do rodízio que deveria dar a Caracas a presidência semestral do bloco. O Uruguai quer passar o bastão aos bolivarianos assim mesmo.

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