Cúpula de Lima começa sem protagonistas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/04/2018 14h53
Reprodução/Facebook Criada em 1994, sob liderança dos EUA, reunião não contará com a presença do presidente norte-americano pela primeira vez
A ausência de Donald Trump na Cúpula das Américas causou indignação em vários diplomatas latino-americanos. A decisão, destaca o jornal O Estado de S. Paulo, foi entendida como a confirmação de que a região é um assunto secundário para Washington. Apesar da percepção comum, não há acordo sobre um tema polêmico: a Venezuela. O consenso sobre qual tratamento dar ao regime de Nicolás Maduro parece improvável e o chavismo deve ser ignorado no documento final.

Começa nesta sexta-feira (13), em Lima a 8.ª edição da Cúpula das Américas. Criada em 1994, sob liderança dos EUA, a reunião tenta coordenar iniciativas regionais. Este ano, porém, será a primeira vez que o presidente americano não estará presente. A Casa Branca explicou a ausência pela necessidade de Trump acompanhar a crise na Síria, mas sobram sinais de que a decisão pode ter sido influenciada pelo pouco apreço do presidente pela região.

Durante a campanha, Trump adotou um forte discurso anti-imigrante, insultando especialmente os mexicanos. Diante desse cenário, diplomatas acreditavam que o presidente americano usaria o encontro para melhorar as relações com a América Latina Trump, porém, ignorou a cúpula. “É a prova de que ele vê a América Latina com total descaso”, afirmou um diplomata brasileiro.

Venezuela

O outro destaque da cúpula também não está em Lima: Maduro. O venezuelano não foi sequer convidado oficialmente, mas disse que não iria porque prefere participar dos eventos em comemoração ao fracasso da ação que tentou tirar Hugo Chávez do poder, em 2002

Apesar da ausência, ele tem apoiadores entre os líderes presentes no Peru. Isso tem feito com que seja impossível chegar a um consenso sobre a inclusão da crise da Venezuela no documento final que será divulgado no sábado. O esboço não traz nenhuma menção a Caracas e há grande possibilidade de que o texto simplesmente ignore o tema.

Segundo diplomatas, Bolívia, Equador e Nicarágua lideram o grupo favorável a Maduro, que também conta com a simpatia de 14 países do Caribe. Eles se opõem à intenção de condenar o governo de Maduro.

Sem Trump e a Venezuela, o chamado “Compromisso de Lima” deverá tratar exclusivamente do tema da cúpula: a corrupção. O esboço que será levado aos chefes de Estado trará propostas e iniciativas para evitar casos de corrupção.

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