CUT busca votos para Dilma na “nova classe média”

  • Por Agencia EFE
  • 30/07/2014 19h23

Pablo Giuliano.

São Paulo, 30 jul (EFE).- A CUT (Central Única dos Trabalhadores) já declarou oficialmente apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, e organizará uma rede entre a militância para buscar o voto da chamada “nova classe média”, surgida a partir da diminuição da desigualdade social, que em muitos casos é afastada da participação política.

O presidente da central sindical, Vagner Freitas, deu uma entrevista exclusiva à Agência Efe, na qual disse que a decisão foi tomada porque o papel do sindicado é “representar estes trabalhadores”.

“Uma coisa foi tirar os trabalhadores da linha da miséria, outra é ter pleno emprego e ainda depois organizá-los”, disse.

Freitas acompanhará amanhã Dilma no primeiro evento da campanha: um ato com sindicalistas em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo,

Sobre a ascensão social de quase 40 milhões de pessoas na última década que formam a chamada “nova classe média” brasileira, o presidente da CUT ressaltou que elas “foram chamadas de nova classe média, mas para nós são a nova classe trabalhadora”.

A CUT também reivindica que, caso Dilma vença, seu segundo mandato seja “mais popular” e inclua na agenda as principais reivindicações dos sindicatos, como o aumento do salário mínimo, a reforma tributária e uma melhor distribuição de renda.

“O lançamento da campanha com o setor operário dá a Dilma um caráter altamente popular. Ela sabe que tem mais chances de vencer com o apoio da classe trabalhadora. Agora ela deve angariar votos e garantir a aceitação deste novo Brasil que Lula e ela construíram nos últimos 12 anos”, disse Freitas.

A CUT oferecerá, segundo ele, sua rede de militância sindical para que ajudar na campanha para reeleição de Dilma, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Os sindicalistas atuarão entre a nova classe média levando em conta que a inovação tecnológica reduziu a oferta de trabalho em setores tradicionais do mundo laboral, como o comércio, metalurgia e bancário, e que aqueles que ascenderam socialmente com o boom do emprego têm se colocado no setor serviços.

Freitas citou como exemplo o setor bancário, que chegou a ter 1,2 milhão de trabalhadores em 1987 e que nas últimas décadas, por causa da inovação tecnológica, diminuiu para 500 mil.

“Essa nova classe trabalhadora está disseminada majoritariamente no setor serviços, como ocorre em vários lugares do mundo”, apontou.

Freitas afirmou que o principal adversário eleitoral de Dilma, o senador Aécio Neves (PSDB), “eliminará os direitos obtidos” nos governos de Lula e Dilma.

“Será o retorno do neoliberalismo”, disse, sobre o candidato do PSDB.

“O militante sindical fará campanha por Dilma, porque tem um modelo diferente do de Aécio Neves. Diremos que não adianta lutar pelo salário, pelo plano de saúde e por benefícios caso que ele ganhe as eleições, porque acabará a política de aumento do salário mínimo iniciada com Lula e com os sindicatos”.

Freitas argumentou que, desde 2003, o salário mínimo aumentou 2,5% acima da inflação por ano, até chegar aos atuais R$ 724, a maior e mais constante evolução já registrada.

“Nós queremos mais, mas na década de 90 lutávamos por um salário de US$ 100”, lembrou o líder sindical, para quem a mobilização popular deve se voltar para a educação e a saúde pública de qualidade para a classe trabalhadora.

O presidente da CUT atribuiu a falta de uma mudança mais rápida à política de alianças que o PT tem com setores chamados por ele de “conservadores” no Executivo e no Congresso.

“Estamos nos primeiros 500 metros de uma maratona. Falta muito para completarmos os 42 quilômetros”, comparou. EFE

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