Diferenças sobre Oriente Médio impedem acordo em conferência do TNP

  • Por Agencia EFE
  • 23/05/2015 00h44

Nações Unidas, 22 mai (EFE).- A conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) foi concluída nesta sexta-feira sem um acordo final devido às profundas diferenças sobre a possível criação de uma zona livre de armas atômicas no Oriente Médio.

Após quatro semanas de negociações na sede das Nações Unidas, em Nova York, esse tema impediu na última hora a aprovação de um documento de conclusões da reunião, que é realizada uma vez a cada cinco anos.

Os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, explicaram no fechamento da conferência que não podiam apoiar a minuta final, que ordenava a realização, antes de março de 2016, de uma conferência para promover uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

A subsecretária de Controle de Armas e Segurança Internacional dos EUA, Rose Eilene Gottemoeller, argumentou que uma iniciativa desse tipo só pode ser convocada com o respaldo de todas as partes e assegurou que as condições propostas “não são realistas”. A funcionária americana também criticou a imposição de um “prazo arbitrário”.

Essa postura foi apoiada por Reino Unido e Canadá, que também consideraram que o tema não pode seguir adiante sem o apoio de Israel.

Os países árabes, liderados pelo Egito, tentaram durante as últimas semanas impulsionar a realização dessa conferência, que já tinha sido acordada há cinco anos, mas que nunca chegou a acontecer pela falta de acordo com os israelenses.

Israel, que nunca confirmou nem desmentiu ter armas nucleares, não é um país signatário do TNP e sempre colocou a paz com o Irã e os países árabes como condição para aderir ao mesmo.

A realização de uma conferência com toda a região poderia obrigar Israel a finalmente informar sobre seu suposto arsenal atômico e dar passos para seu desmantelamento.

Após anos de ausência, o governo israelense decidiu participar desta ocasião como observador na conferência de revisão do TNP, que começou em 27 de abril.

No último momento, o Irã solicitou hoje a suspensão da conferência, com a ideia de buscar um acordo entre os representantes dos 164 países participantes e observadores.

No entanto, após algumas horas de consultas, a conferência foi retomada, mas sem que as conversas permitissem avançar para um consenso.

A reunião se encerrou às 21h11 locais (22h11 de Brasília) com uma última sessão em que vários países discursaram lamentando a falta de um acordo e acusaram Estados Unidos, Canadá e Reino Unido de bloquear a aprovação do documento.

Uma eventual zona livre de armas nucleares no Oriente Médio se somaria a outras já em vigor, como as que existem na América Latina, na África, no Pacífico Sul, na Antártida e na Ásia Central.

Fora do Oriente Médio, a conferência de revisão do TNP abordou também a questão de um possível tratado que proíba as armas nucleares, como o que existe com outros tipos de armamentos como o químico.

Com o argumento das consequências humanitárias de uma explosão atômica, mais de 100 países se manifestaram a favor dessa possibilidade, que por enquanto não tem o apoio de nenhuma das potências nucleares.

O TNP, que entrou em vigor em 1970, determina que os países signatários se comprometam a usar seu potencial nuclear somente para fins pacíficos, enquanto garante que as cinco potências atômicas oficiais (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) reduzirão de forma gradual seus arsenais nucleares até eliminá-los. EFE

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