Eleições legislativas terminam no Uzbequistão com alta participação popular

  • Por Agencia EFE
  • 21/12/2014 14h28

Moscou, 21 dez (EFE).- As eleições legislativas do Uzbequistão, um dos países mais fechados do mundo, foram encerradas neste domingo sem incidentes e com uma altíssima participação popular, apesar do parlamento do país não desempenhar um papel político importante.

Faltando três horas para o fechamento dos mais de nove mil colégios eleitorais do país, a participação já tinha alcançado 78,4%. Foram convocados para votar 20 milhões de cidadãos uzbeques.

Cerca de 16,3 milhões de pessoas já tinham votado às 17h locais (22h de sábado pelo horário de Brasília), disse a vice-presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC), Svetlana Artikova.

Os resultados preliminares das eleições não serão anunciados até amanhã, e os definitivos vão ser divulgados após vários dias ou semanas.

Concorrem nas eleições os quatro únicos partidos registrados pelo Ministério da Justiça uzbeque, todos com representação parlamentar na legislatura que se encerra agora. Os quatro partidos provavelmente vão manter sua representação no parlamento.

Tanto os analistas políticos como a oposição exilada concordam que todos estes partidos são leais ao ferrenho regime do presidente Islam Karimov, no poder há 25 anos.

Em uma votação que as autoridades locais classificaram de “processo democratizador”, o Partido Democrático Liberal, o Partido Democrático Popular, o Partido Social-Democrata Adolat (Justiça) e o Partido Democrático Miliy Tiklanish (Renascimento Nacional) disputam 135 das 150 cadeiras do parlamento.

As outras 15 vagas são destinadas de forma automática para o Movimento Ecologista do Uzbequistão.

Os partidos no parlamento “são um simulacro, nem sequer podem ser analisados com seriedade”, disse ao serviço russo da “Deutsche Welle” Arkadi Dubnov, especialista em Ásia Central.

O cientista político explicou que a elite uzbeque se estrutura em clãs familiares ou territoriais e não em forças políticas.

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), consciente da farsa que são os processos democráticos no Uzbequistão, enviou para o país uma missão simbólica de apenas 12 observadores para acompanhar o processo.

Em outubro, a porta-voz do Escritório de Instituições Democráticas e Direitos Humanos da OSCE (ODIHR), Rachel Bending, disse que a falta de concorrência entre os candidatos torna desnecessário enviar uma missão mais ampla para o país.

O regime autoritário de Karimov tem seus próprios argumentos para afirmar que a antiga república soviética avança pelo caminho democratizador, pois uma série de emendas à Constituição aprovadas há três anos ampliaram os poderes do parlamento.

O chefe de Estado, ao promulgar estas emendas, cedeu ao Legislativo a atribuição de apresentar a candidatura do primeiro-ministro, que agora será proposta pelos partidos.

Além disso, a câmara baixa do parlamento poderá votar uma moção de censura ao primeiro-ministro, que em caso de aprovação representa a destituição do cargo.

E o chefe do governo terá que apresentar de maneira periódica relatórios perante ambas as câmaras do parlamento.

As eleições parlamentares uzbeques não têm praticamente nenhum interesse nem para a comunidade internacional nem para os analistas políticos, a não ser pelo o fato do pleito ser o tiro de largada para a convocação das eleições presidenciais.

Segundo uma lei aprovada pelo parlamento, as eleições presidenciais deverão ser realizadas 90 dias após o anúncio dos resultados oficiais do pleito de hoje.

A única incógnita é se Karimov -no poder desde 1989, desde antes da desintegração da União Soviética, em 1991- voltará a concorrer a outro mandato de sete anos. No ano que vem o líder completará 77 anos.

O Uzbequistão, no coração da Ásia Central, tem uma superfície de 447.400 quilômetros quadrados e uma população de quase 28 milhões de habitantes. EFE

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