EUA: John Kerry vai a Bruxelas e Londres discutir Brexit

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/06/2016 15h32
Secretário americano John Kerry visita réplica do barco do tenente James Cook HMS Endeavour em Sidney EFE Secretário americano John Kerry visita réplica do barco do tenente James Cook HMS Endeavour

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, vai a Bruxelas e Londres nesta segunda-feira para consultas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, numa tentativa norte-americana de conter as consequências do referendo.

Falando a repórteres em Roma neste domingo, antes de uma reunião com o chanceler italiano, Paolo Gentiloni, Kerry disse que os EUA estavam desapontados com o fato de o Reino Unido ter votado para sair do bloco, mas iriam trabalhar com os líderes da União Europeia e do Reino Unido para facilitar uma transição “sensível” que funcione para manter ambos “se movendo na direção certa”.

“A coisa mais importante é que todos nós, como líderes, trabalhemos juntos para dar o máximo de continuidade, de estabilidade, como a maior segurança possível, para que o mercado entenda que existem formas de minimizar a ruptura, existem maneiras de se mover de forma inteligente para frente, a fim de proteger os interesses e valores que temos em comum”, disse Kerry.

Em Bruxelas, nesta segunda-feira, Kerry se reunirá com a chefe da União Europeia para Política Externa, Federica Mogherini, e mais tarde, em Londres, encontrará o secretário do Exterior do Reino Unido, Philip Hammond. 

“O secretário acredita que as reuniões em Bruxelas e Londres serão uma chance de obter uma melhor percepção de como ocorrerá o processo de transição, mas também de salientar os compromissos dos Estados Unidos tanto na relação especial com o Reino Unido e quanto na parceria essencial com a União Europeia”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA John Kirby.

Tanto Kerry quanto o presidente Barack Obama haviam encorajado publicamente o Reino Unido a permanecer no bloco. Comentando sobre a votação, realizada na última quinta-feira, Kerry a chamou de “uma decisão que os Estados Unidos esperavam que iria por outro caminho”. “Mas isso não aconteceu”, disse, acrescentando que agora o trabalho dos líderes era levar a cabo a vontade dos eleitores.

O diplomata chefe dos EUA estava em Roma neste domingo para consultas com o Gentiloni e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, encontros previamente agendados e que rapidamente foram ofuscados pela votação britânica.

Kerry disse neste domingo que mesmo sem a Grã-Bretanha a UE continua a ser uma entidade econômica poderosa, embora a votação da última semana deva encorajar o organismo a fazer algumas mudanças. “Há passos que a Europa necessita tomar para responder à expressão dos eleitores e às preocupações das pessoas em outros países”, disse Kerry. “Nos Estados Unidos sempre acreditamos que uma UE unida e forte é nossa preferência como parceiro para sermos capazes de trabalhar nas questões importantes que enfrentamos hoje.”

Desde que se tornaram públicos os resultados do referendo, o presidente Obama, Kerry e outras autoridades dos EUA vêm salientando que a “relação especial” entre os EUA e o Reino Unido permaneceria inalterada. Especialistas em política externa, no entanto, dizem que com a decisão do país de deixar a UE os EUA irão cada vez mais em direção aos demais países.

“O Reino Unido tem sido um dos parceiros mais importantes deste país e estará menos disposto e será menos capaz de desempenhar esse papel”, disse o presidente do Conselho de Relações Exteriores, Richard Haas, na sexta-feira, depois da votação britânica. “O resultado é que a relação especial será muito menos especial.” 

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