Ex-ditador argentino é condenado a 25 anos de prisão por roubo de bebês

  • Por Agencia EFE
  • 22/12/2014 22h50

Buenos Aires, 22 dez (EFE).- Um tribunal da Argentina condenou nesta segunda-feira a 25 anos de prisão o ex-ditador Reynaldo Bignone pelo roubo de filhos de presos políticos durante a última ditadura militar no país (1976-1983).

No mesmo processo, o Tribunal Oral Federal 6 de Buenos Aires condenou à prisão perpétua o general Santiago Omar Riveros, principal acusado neste julgamento, o segundo realizado pelo roubo de bebês na maternidade clandestina da guarnição militar de Campo de Mayo, na periferia da capital argentina.

O tribunal também condenou a 13 e a sete anos de anos de prisão, respectivamente, o médico militar Norberto Atilio Bianco e a parteira Luisa Yolanda Arroche de Sala García, acusados de realizar os partos e forjar as certidões de nascimentos.

No julgamento, que durou três meses, foi absolvido o chefe do serviço de clínica desse hospital militar, o médico Raúl Eudenio Martin.

Os magistrados consideram comprovada a participação de quatro dos cinco acusados no roubo de oito bebês, filhos de detidas ilegalmente e que foram entregues a familiares e amigos de militares.

Em suas últimas palavras antes de escutar o veredicto, Bignone assegurou que durante sua carreira militar nunca ordenou nem autorizou “a apropriação de menores de idade nem a falsificação da documentação pertinente”.

Esta é a quinta condenação enfrentada por Bignone, de 86 anos, o último presidente de fato da Argentina (1982-1983).

Em Campo de Mayo funcionaram quatro centros de detenção durante a ditadura pelos quais passaram cerca de 5.000 detidos, dos quais apenas 50 sobreviveram.

Durante o primeiro julgamento pelo Plano Sistemático de Apropriação de Menores, o falecido ditador Jorge Rafael Videla foi condenado a 50 anos de prisão, considerado como o principal responsável.

A Associação Avós de Praça de Maio, querelante neste julgamento, já restituiu a identidade de 116 netos, embora ainda procure cerca de 400 filhos de vítimas da última ditadura argentina. EFE

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