Ex-esposa de Nisman considera sua morte um crime de lesa-humanidade

  • Por Agência EFE
  • 18/01/2018 13h28
EFE EFE "Por trás deste crime de Estado havia um duplo objetivo: silenciar Alberto Nisman", disse a ex-esposa do promotor argentino

A juíza Sandra Arroyo Salgado, que foi esposa do promotor argentino Alberto Nisman, disse que a morte de seu ex-marido, que completa três anos nesta quinta-feira, deveria ser considerada um crime de lesa-humanidade e insistiu que se tratou de um “magnicídio”.

“Por trás deste crime de Estado havia um duplo objetivo: silenciar Alberto Nisman”, porque “a único maneira de calá-lo era a morte, e condicionar a ação de juízes, promotores e da sociedade em geral, mostrando que algo poderia acontecer contra quem tivesse a coragem de investigar o poder vigente”, afirmou a magistrada.

Nisman – que investigava o atentado contra a associação judaica Amia, no qual morreram 85 pessoas em 1994 – apareceu morto com um tiro na cabeça em janeiro de 2015, dias depois de apresentar uma denúncia contra a então presidente, Cristina Kirchner, pela suposta tentativa de acobertar os iranianos acusados pelo ataque terrorista.

Apesar do forte impacto midiático internacional que teve o caso, o expediente ficou paralisado durante quase dois anos e meio, pois a Justiça não conseguiu determinar se a morte foi um assassinato ou um suicídio.

Em declarações à emissora “Radio Mitre”, Sandra destacou nesta quinta-feira o “avanço importantíssimo” que houve no caso no fim de 2017, “quando o juiz responsável pela investigação e o promotor estabilizaram o fato reconhecendo que (Nisman) foi assassinado”.

As palavras da magistrada fazem referência à reviravolta que ocorreu no caso depois que a gendarmaria nacional apresentou em setembro um relatório elaborado por uma junta de especialistas policiais e peritos que estabeleceu que duas pessoas agrediram, drogaram com ketamina e assassinaram Nisman em sua casa, o que afasta, segundo a Justiça, a hipótese de suicídio.

Para a juíza e ex-mulher de Nisman, o suposto homicídio estaria motivado pelo trabalho e pela função do promotor e, nesse sentido, ela considera que “houve um plano criminoso com a intervenção de agentes do Estado”.

“Fomos espectadores de que os três poderes do Estado foram utilizados para tentar simular um suicídio. Este caso acoberta graves violações dos direitos humanos”, acrescentou a magistrada.

Assim, Sandra apresentou a possibilidade de qualificar a morte do promotor como um crime de lesa-humanidade, já que, segundo ela, “o atentado à Amia foi classificado desta forma pela Justiça e a morte de Nisman esta intimamente vinculada com este caso”, opinou.

A juíza qualificou os três anos da morte do promotor como um “pesadelo” para a sua família, especialmente para ela e as duas filhas que teve com Nisman durante o casamento, Iara e Kala.

“Até hoje não podemos acreditar no que aconteceu na nossa família”, mas, “elas (as filhas) estão bem, estão fortes”, acrescentou a magistrada.

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