Exército nigeriano foi avisado de ataques jihadistas e não reagiu, segundo AI

  • Por Agencia EFE
  • 28/01/2015 18h08

Nairóbi, 28 jan (EFE).- O exército da Nigéria foi alertado em várias ocasiões de ataques iminentes do grupo terrorista islâmico Boko Haram nas cidades de Baga e Monguno, onde morreram recentemente centenas de pessoas, sem que tomasse medidas para proteger os civis, denunciou nesta quarta-feira a Anistia Internacional (AI).

Soldados da base de Baga, no norte do país, informaram de forma repetida à direção-geral do exército nigeriano em novembro e dezembro das ameaças de um ataque de Boko Haram e pediram reforços em várias ocasiões, segundo relatou um militar à organização de defesa dos direitos humanos. Outras fontes militares e testemunhas disseram ao AI que os soldados em Monguno também tinham recebido avisos sobre uma possível ação de Boko Haram em 25 de janeiro.

Segundo um oficial militar de alto escalão, muito antes do massacre de Baga as tropas estabelecidas na cidade informaram à sede militar na capital da Nigéria, Abuja, da presença de patrulhas e membros de Boko Haram, enquanto os moradores de localidades próximas fugiam por medo de um atentado.

Um residente de Monguno disse a Anistia Internacional: “Não foi uma advertência. Todo o mundo era consciente. Boko Haram chegou na quarta-feira da semana passada (21 de janeiro) e pediu aos moradores (nos arredores Ngurno) que fugissem porque iriam atacar o quartel militar”.

Para o diretor da Anistia Internacional para a África, Netsanet Belay, a chefia do exército da Nigéria falhou em várias ocasiões em seu dever de proteger os civis de Baga e Monguno. Ele lembrou que as autoridades nigerianas têm a responsabilidade de tomar todas as medidas para proteger à população civil, ajudando a retirar os cidadãos do local e informando dos riscos.

“Estes ataques devem representar um grande alerta para os líderes da Nigéria, da União Africana e da comunidade internacional. É preciso proteger milhares de civis no nordeste da Nigéria dos contínuos ataques de Boko Haram”, acrescentou.

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana debaterá amanhã o envio de uma força regional para deter o Boko Haram.

A menos de um mês das eleições presidenciais, a Nigéria vive uma escalada de violência no norte do país, onde o Boko Haram controla grandes regiões e comete atentados e sequestros quase diariamente. EFE

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