Exposição em São Paulo conta drama de refugiados palestinos

  • Por Agencia EFE
  • 27/01/2015 20h49

Alba Gil.

São Paulo, 27 jan (EFE).- A dor de uma menina sendo vacinada, as ruínas de um acampamento ou a expressão de um idoso mostrando negativos de filmes de seus filhos são algumas das 40 imagens de “Uma Longa Jornada”, que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) expõe em São Paulo para mostrar seu trabalho.

“A ideia é mostrar as quase sete décadas de usurpação de um povo que, em diferentes momentos, se viu deslocado de seu lar e cujas pessoas hoje em dia seguem precisando de atendimento da comunidade internacional”, explica à Agência Efe Paz Fernandez, do escritório de relações exteriores da UNRWA em Jerusalém.

Ela afirma que a UNRWA atua praticamente como um estado, levando educação, saúde e serviços sociais aos mais de cinco milhões de palestinos com status de refugiado.

“A grande diferença entre um refugiado palestino e um de outro lugar é a duração de sua situação e a falta de esperança de uma solução. Ao status legal, a dor e a tragédia de estar deslocado e carecer de direitos básicos, se acrescenta um estado mental de não saber para onde vai”, destaca Paz.

Uma crise existencial que a exibição reproduz na forma de labirinto de grades, onde o visitante, assim como o próprio refugiado, não consegue encontrar nem o começo nem o fim. Fotografias de Gaza, Cisjordânia, Síria, Líbano e Jordânia, penduradas nas paredes de metal branco imortalizam o êxodo do povo palestino, desde o início, nos anos 50 em Nahr el-Bared, um dos primeiros campos de refugiados, ao norte de Trípoli, a sua destruição em 2009.

Depoimentos de sobreviventes do massacre de Sabra e Shatila em Beirute, exilados fugindo pelo Rio Jordão, a invasão israelense do Líbano, o histórico acordo do Cairo e a Primeira Intifada surgem para o público em uma exposição protagonizada, em sua maioria, por meninos e meninas.

A mostra ficará no Centro Cultural São Paulo até o dia 15 de março. De lá, as imagens irão para Brasília e depois Rio de Janeiro.

Conforme explica à Efe a produtora da exposição, Thereza Jatoba, a mostra fotográfica, inédita no Brasil, é itinerante e já passou por Jerusalém, Nova York, Roma, Turim, Marrakech, Dubai, Amã, Gaza e Jacarta.

Ela conta que a UNRWA decidiu trazer a exposição ao Brasil porque há cinco anos o país estreitou seu compromisso com a organização, e agora faz parte da comissão consultiva após se comprometer a doar, em três anos, até US$ 15 milhões.

A posição nunca antes tinha sido ostentada por um país membro dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) o que, segundo a organização, deve dar um empurrão à projeção do trabalho da UNRWA e dar mais visibilidade os cantos do conflito que permanecem em silêncio.

“As mesas de negociações e os meios de comunicação frequentemente se esquecem do refugiado palestino. Se fala de palestinos, da Palestina, do Oriente Médio, mas não dos refugiados, um grupo de vital importância para a estabilidade da região”, ressalta Paz. EFE

ag/cdr

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