França acelera identificação das vítimas por famílias

  • Por Agencia EFE
  • 27/03/2015 17h31

Luis Miguel Pascual

Le Vernet (França), 27 mar (EFE).- As autoridades francesas aceleraram o resgate e a identificação dos corpos das vítimas do avião da Germanwings que caiu nos Alpes na terça-feira em respeito a seus familiares, muitos dos quais continuam a chegar hoje ao local da tragédia.

A Gendarmaria, responsável pela investigação na montanha onde estão os destroços do avião e dos corpos das 150 pessoas que estavam a bordo, aceleraram o ritmo de recuperação dos restos humanos, um trabalho que é realizado paralelamente à busca da segunda caixa-preta.

As condições de trabalho dos 40 especialistas são difíceis, por causa da geografia do local do acidente.

O coordenador desse trabalho, coronel Patrick Touron, diretor-adjunto do Instituto de Pesquisa Criminal da Gendarmaria, afirmou que entre 400 e 600 restos humanos já estão sendo analisados no centro avançado montado na cidade de Seyne-les-Alpes.

A violência do impacto praticamente pulverizou os passageiros, que foram carbonizados depois na explosão do combustível da aeronave.

Por isso, indicou Touron, nenhum corpo completo foi encontrado apesar de os investigadores terem começado a busca pelo lado mais afastado do impacto, onde teoricamente haveria menos danos.

No laboratório de campanha de Seyne um grupo de legistas franceses apoiados por investigadores espanhóis e alemães procura nos destroços resgatados provas de DNA, impressões digitais ou o perfil dentário, os únicos elementos que permitem a identificação das pessoas a bordo.

Os dados recolhidos estão sendo enviados ao laboratório da polícia científica da Gendarmaria de Rosny-sous-Bois, ao leste de Paris, onde estão armazenados os perfis das vítimas, desenvolvidos a partir das provas apresentadas por seus parentes.

O cruzamento de dados deve permitir identificar todos os falecidos, segundo Touron, embora não haja certeza que serão capazes de encontrar partes de todos deles.

Os investigadores trabalham de forma meticulosa, não estabeleceram prazos e calculam que, se as condições climatológicas permanecerem boas, podem acabar seu trabalho de coleta e identificação nos próximos dez dias.

Somente quando o trabalho for terminado entregarão os corpos para suas famílias.

Caso à parte serão os restos do copiloto do avião, Andreas Lubitz, que a justiça francesa considera suspeito de ter provocado intencionalmente o acidente, que podem passar à disposição do promotor, que pode ordenar exames complementares.

A cidade de Le Vernet, a mais próxima ao local do acidente, se transformou no centro onde os familiares aguardam informações.

Uma esteira com um texto em francês, espanhol e alemão se transformou em um centro de peregrinação de familiares, que chegam A conta-gotas, deixam flores, fotos ou lembranças e, em silêncio, prestam homenagem às vítimas.

Le Vernet e outras cidades vizinhas têm mostrado solidariedade, acolhendo-os em suas casas quando necessitam.

As autoridades francesas previram um dispositivo de ajuda a essas famílias, que também contam com o apoio das autoridades espanholas, que puseram à disposição tradutores, apoio médico e psicológico.

Espera-se que a chegada de familiares se estenda durante várias semanas. O prefeito de Le Vernet, François Balique, anunciou que quando acabarem as tarefas de investigação convidará todos os familiares para uma caminhada até o ponto da montanha onde o avião bateu. EFE

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