Frente al Nusra diz que não atacará Ocidente por enquanto

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2015 20h07

Beirute, 27 mai (EFE).- O líder da Frente al Nusra, Abu Mohammed al Yulani, afirmou nesta quarta-feira que ainda não tem a intenção de realizar ataques contra o Ocidente, mas não descartou fazê-lo futuramente caso continue a apoiar o regime de Bashar al Assad.

“Temos ordens para não atacar o Ocidente e a Europa por enquanto, mas isso pode mudar caso continuem apoiando o regime” de Bashar al Assad, disse Al Yulani, cujo grupo é o braço da Al Qaeda na Síria, em entrevista à emissora catariana “Al Jazeera”.

Al Yulani acusou os Estados Unidos e os países ocidentais de apoiarem o governo de Damasco.

“A prova disso é que atacam a Frente al Nusra toda vez que pressionamos Al Assad”, comentou.

Segundo ele, o Ocidente pretende forçar “os muçulmanos” a aceitarem uma solução política na Síria às custas de “seu próprio sangue”.

O dirigente jihadista informou que os objetivos do líder da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, na Síria são derrubar o regime e seus aliados, como o grupo xiita libanês Hezbollah, e “trabalhar com o mundo todo por um Estado Islâmico justo”.

Mais adiante, de acordo com o dirigente, a intenção é transformar o território sírio em uma base para se estender por outros países, mas, “por enquanto, apenas Al Assad e o Hezbollah” são seus alvos.

Por outro lado, Al Yulani negou que “exista algo que se chame Khorasan”, em referência a uma célula de veteranos da Al Qaeda integrados à Frente al Nusra e que foi alvo dos bombardeios da coalizão internacional, liderada pelos EUA.

Al Yulani afirmou que apenas o governo americano fala de Khorasan. Segundo sua opinião, Washington inventou e protegeu “os regimes infiéis”, em referência a outros governos árabes. Mesmo assim, reconheceu que há afegãos e estrangeiros na Frente al Nusra.

“Não existe nada disso (Khorasan), só civis. Escutamos isto na imprensa. Tudo está esclarecido, nenhum grupo está escondido”, analisou.

Em relação ao financiamento da Frente al Nusra, Al Yulani ressaltou que a organização aceita doações de outros muçulmanos fora da Síria, “mas não de países”, e que “não há qualquer relação com agências de Inteligência”.

Sobre os avanços em terra, onde a Frente al Nusra tomou quase toda a província de Idlib junto a outras facções, Al Yulani explicou que “as áreas libertadas recentemente são consideradas uma linha defensiva”, mas declarou que não há uma meta de expansão.

“Só focamos nos agressores”, pontuou o dirigente da Al Qaeda, que explicou que devido a isso não vê a necessidade de lutar contra fiéis de outros credos, a não ser que os ataquem.

Por esse motivo, pediu aos alauitas, seita à qual Al Assad pertence, para que abandonem sua religião e o presidente em troca de proteção.

Apesar dos triunfos dos últimos meses, Al Yulani disse que no futuro “haverá períodos muito mais difíceis” e enfatizou que a batalha acabará em Damasco.

A entrevista, de aproximadamente 20 minutos de duração, foi gravada no interior do país árabe e terá a segunda parte exibida na próxima semana. Na primeira, Al Yulani aparece encapuzado e quase não aborda o grupo rival Estado Islâmico. EFE

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