Guerra na Síria transformou crianças em sustento de famílias refugiadas

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2015 09h04

Genebra, 2 jul (EFE).- A guerra civil na Síria, que em março completou quatro anos sem nenhum sinal de solução, transformou as crianças no principal sustento de grande parte das famílias que fugiram do conflito e estão refugiadas em algum dos país vizinhos, disse nesta quinta-feira Unicef.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sustentou que os menores também são os principais provedores do pouco dinheiro que podem conseguir para seus lares dentro da Síria.

Esta situação está empurrando cada vez mais crianças à exploração laboral.

Segundo uma pesquisa efetuado entre famílias refugiadas na Jordânia, em mais de três quartos delas as crianças contribuem ao ingresso familiar.

O caso do Líbano, as crianças são o único sustento em mais da metade de casos, com crianças de até seis anos que devem trabalhar para tentar ganhar algum dinheiro.

A guerra, que começou com manifestações pró-democráticas que desencadearam em um dos piores conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial, empurrou 68% da população à pobreza extrema.

Além disso, mais de 220 mil pessoas morreram nas hostilidades.

Antes desta crise, a Síria ficava na categoria de países de renda média, a grande maioria de habitantes tinha uma vida decente, praticamente todas as crianças estavam escolarizadas e o nível de alfabetização era de 90%.

Segundo a Unicef, uma parte de crianças sírias trabalhadoras estão empregadas em condições perigosas e cumprem tarefas que afetam seriamente sua saúde e bem-estar, seja porque trabalham longas horas, em um entorno insano ou utilizando substâncias perigosas, em trabalhos agrícolas, por exemplo.

Os mais vulneráveis entre as crianças que trabalham estão envolvidos em atividades bélicas, na exploração sexual e em atividades ilícitas de mendicidade e tráfico de menores.

Quatro anos e meio de conflito afundaram a Síria na miséria, com mais da população deslocada e quatro milhões que buscaram refúgio nos países mais próximos.

Destes refugiados, dois milhões são crianças e destes muitos já sofrem as consequências dos trabalhos que realizam.

A investigação da Unicef viu que metade das crianças trabalhadoras que vivem no acampamento de Zaatari -o maior que abriga refugiados sírios na Jordânia- já tem algum problema de saúde por esta razão.

A Unicef enfatizou que a única maneira de mudar isto é oferecendo alguns meios de subsistência às famílias, dando educação às crianças e lutando contra as piores formas de trabalho infantil. EFE

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