Israel instala sistema eletrônico antitúnel na fronteira com Gaza

  • Por Agencia EFE
  • 18/04/2015 22h53

Elías L. Benarroch.

Jerusalém, 18 abr (EFE).- O Exército de Israel começou a instalação de um novo dispositivo capaz de detectar a construção de túneis sob sua fronteira com a Faixa de Gaza, calcanhar-de-aquiles da segurança deste país durante a última década.

“O novo sistema entrará para a história”, disse à imprensa Alon Schuster, prefeito do conselho regional de Eshkol, um dos mais afetados durante a última guerra entre o Exército israelense e as milícias palestinas da Faixa.

Desenvolvido em um tempo recorde por um conjunto de empresas privadas e organismos oficiais, à frente do qual está a firma Elbit, consiste de uma série de sensores que transmitem informação sobre as atividades no subsolo e que, por meio de complexos algoritmos, analisam de que tipo se trata.

“Pode detectar qualquer tipo de escavação com um alto grau de eficácia e nos dar uma localização aproximada”, explicou à Agência Efe um comando militar na região, que ressaltou que o segredo do dispositivo está em que pode “limpar” e “debulhar” os dados recebidos de todo tipo de “interferências”.

O uso de sensores com este fim estava há vários anos sob investigação, mas o grande problema que enfrentava era sua incapacidade de separar os ruídos nas imediações e classificá-los segundo o tipo de atividade ao que correspondia.

“Os falsos alarmes que disparavam eram muitos para levá-los em conta e iniciar a procura, mais ainda quando os túneis não costumam ter boca de saída porque os terroristas as terminam de cavar no momento que vão sair”, acrescentou.

De fato, partes do novo sistema foram instalados a modo de teste em abril de 2014, três meses antes de começar a operação israelense Limite Protetor em Gaza, uma disputa na qual morreram cerca de 2.200 palestinos e 70 israelenses.

Foi nessa guerra quando Israel percebeu realmente como uma ameaça que desde então deixa em xeque a população civil israelense ao redor da Faixa.

“O elemento surpresa e a impossibilidade de se proteger representa um golpe sério a nossa segurança. O vemos como uma ameaça sem solução”, assinala Amit Caspi, residente do kibutz Kerem Shalom, um dos mais afetados pelos túneis, sobre seu destrutivo “impacto moral”.

Durante os 50 dias de confrontos armados, milicianos do movimento islamita Hamas conseguiram entrar em Israel em pelo menos quatro ocasiões por túneis cavados a vários quilômetros de distância da cerca fronteiriça e emergiram à superfície causando severas baixas ao Exército.

Mas o perigo dos túneis além das fronteiras era conhecido desde que em 2006 três milícias palestinas conseguiram sequestrar o soldado israelense Gilad Shalit através de um túnel que, então, era pioneiro do entrecruzamento de fortificações que o Hamas construiria sob a terra nos anos seguintes.

Desde então foram descobertas várias bocas de túneis em diferentes pontos da zona fronteiriça e em outubro de 2013 todos os alarmes dispararam com a descoberta de um corredor de 1,8 quilômetro que chegava até o kibutz Ein Hashlosha.

Uma fonte militar explicou então á Efe que se tratava de “um túnel estratégico” destinado a cometer atentados ou o sequestro de civis em um momento crucial para o movimento islamita, um tipo de “ás na manga” para uma situação realmente adversa.

Menos de um ano depois, durante a guerra, a perspectiva do Exército mudou radicalmente com a descoberta de 30 túneis, o que disparou a pressão popular sobre o governo de Benjamin Netanyahu para que pusesse fim à ameaça.

Fontes dos organismos de segurança asseguram que o novo dispositivo, instalado estes últimos meses no setor mais crítico da fronteira, já foi capaz de detectar túneis sem produzir falsos alarmes, embora não tenham dado mais detalhes técnicos sobre seu funcionamento.

Sua instalação em todo o perímetro fronteiriço com Gaza, de cerca de 60 quilômetros, depende agora dos organismos políticos, que deverão financiar os entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões por quilômetro que custa o dispositivo eletrônico geofísico.

O exclusivo sistema foi “fruto dos esforços” realizados desde a guerra para neutralizar a ameaça, considerou Schuster, que compara seu fugaz desenvolvimento e futuro impacto com o da bateria antiaérea “Cúpula de ferro”.

Fabricada com financiamento dos EUA, durante a passada guerra esta bateria neutralizou em mais de 90% o impacto dos foguetes palestinos dirigidos a centros urbanos israelenses, devolvendo em grande medida a sensação de segurança a quase dois milhões de civis. EFE

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