João XXIII, o “papa bom” que convocou o Concílio Vaticano II

  • Por Agencia EFE
  • 23/04/2014 19h44

Cidade do Vaticano, 23 abr (EFE).- Conhecido como o “papa bom”, que convocou o Concílio Vaticano II e facilitou a aproximação da Igreja Católica com o mundo do século XX, João XXIII será canonizado junto com João Paulo II no próximo dia 27 de abril.

Nascido Angelo Giuseppe Roncalli em 25 de novembro de 1881 em Sotto il Monte, na comuna de Bérgamo, no norte da Itália, sua contribuição fundamental para a Igreja Católica foi a proclamação do Concílio Vaticano II, em 21 de janeiro de 1959, apenas dois meses depois do início de seu pontificado.

Com este concílio, que começou em 11 de outubro de 1962, ele convocou todos os bispos do mundo para promover a adaptação da Igreja aos novos tempos e a decidir a forma de transmitir a mensagem de Deus com uma linguagem mais compreensível para todos.

As decisões mudaram a forma com que os católicos se relacionavam com a Igreja, como a adaptação da liturgia, o que deu espaço para que depois fossem celebradas nas línguas vernáculas em vez do latim.

Aos 11 anos, Roncalli foi admitido no seminário de Bérgamo, apesar de a idade mínima de matrícula na instituição ser de 14 anos.

Em 1901, ele ampliou seus estudos teológicos no Ateneu Pontifício de São Apolinário, em Roma, e, após interromper sua formação para cumprir o serviço militar, se tornou doutor em Teologia em 1903.

Em 1914, após o início da I Guerra Mundial, se incorporou ao exército, oferecendo seus serviços primeiro à pastoral de saúde, passando a capelão militar em 1916, e em 1918 foi nomeado diretor espiritual do Seminário de Bérgamo.

Em 1925, assumiu o título de arcebispo de Aerópolis, na Bulgária, e em 1935, o de delegado apostólico para a Turquia e para a Grécia, o que lhe permitiu iniciar uma aproximação da Santa Sé com a Igreja oriental. Em 23 de dezembro de 1944, Pio XII o nomeou núncio em Paris, onde reorganizou a estrutura eclesiástica afetada pela guerra.

Roncalli foi eleito papa em 28 de outubro de 1958 para o lugar de Pio XII. Adotou o nome João XXIII, inspirado no apóstolo João. É reconhecido por ter permitido a modernização da vida no Vaticano, o rejuvenescimento do Colégio Cardinalício e a intensificação das relações diplomáticas do Pontificado com os líderes políticos mundiais.

Ele estabeleceu relação com os líderes soviéticos e contribuiu para reduzir a tensão entre comunistas e cristãos. Além disso, criou uma Comissão para a Unidade Cristã para tecer laços amistosos com as igrejas protestantes e ortodoxas.

João XXIII publicou oito encíclicas, a primeira “Ad Petri Cathedram” (“A cátedra de Pedro”), em 29 de junho de 1959, e a última, “Pacem in terris” (“A paz na terra”), em 11 de abril de 1963.

O pontífice morreu em 3 de junho de 1963 no Vaticano. Em 20 de dezembro de 1999, foi declarado venerável, e em 3 de setembro de 2000, beatificado por João Paulo II.

Sua nomeação como beato aconteceu depois de ser reconhecida a milagrosa cura da religiosa italiana Caterina Capitano, que esteve a ponto de morrer por uma peritonite aguda e que, segundo ela, após pedir a João XXIII, conseguiu sobreviver.

Em 5 de julho de 2013, o papa Francisco assinou o decreto que autoriza a santificação de João XXIII, e em 30 de setembro anunciou que será canonizado junto com João Paulo II na Praça de São Pedro. Neste caso, sua canonização será um processo singular, pois Francisco elevará João XXIII aos altares de santo apesar do não cumprimento do requisito de um segundo milagre, como era até agora exigido pela Igreja. EFE

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