Jogo político nas Américas muda com aproximação entre Cuba e EUA

  • Por Jovem Pan
  • 18/12/2014 09h26

Depois de mais de meio século, Cuba e Estados Unidos inciam processo para restabelecer relações diplomáticas, mas embargo ainda não foi levantado. Os acordos foram firmados após um ano e meio de negociações mediadas pela Santa Sé e pelo Canadá.

Um ponto decisivo para os anúncios feitos pelos presidentes dos dois países foi a libertação de prisioneiros por ambos os lados. O governo da ilha soltou o americano Alan Gross e os Estados Unidos, por outro lado, liberaram três cubanos que estavam detidos há 16 anos.

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Barack Obama reconheceu que a política que vinha sendo desenvolvida até agora era infrutífera e se baseava em eventos ocorridos há tempo demais. O presidente americano afirmou ainda que não acredita que possa haver progresso numa estratégia que se dirigisse ao colapso de Cuba.

Ao mesmo tempo, por volta das três da tarde pelo horário de Brasília, o presidente cubano também fazia um discurso em rede nacional. Raul Castro fez um pedido para que sejam levantadas restrições às viagens entre os dois países, aos correios e às telecomunicações.

O anúncio histórico dos dois presidentes muda o tabuleiro do jogo político internacional em todo o continente americano. O diretor do Brazil Institute do Wilson Center, Paulo Sotero, afirmou que a jogada de Obama foi calculada e ajuda a espantar um fantasma.

Um dos principais pontos em disputa não depende apenas dos líderes dos executivos; o embargo só é encerrado com um ato do Congresso americano. O professor de história contemporânea do Mackenzie, Alexandre Hecker, acredita que a medida pode passar, mesmo com uma maioria conservadora.

A presidente do Brasil falou sobre as medidas diplomáticas desta quarta-feira no encerramento da cúpula do Mercosul realizada na Argentina. Dilma Rousseff ressaltou o papel do Papa Francisco na aproximação entre os países e classificou o processo como uma mudança na civilização.

As conversas de alto nível diplomático devem continuar pelos próximos meses com o objetivo da reabertura da embaixada americana em Havana. Os Estados Unidos também devem diminuir as restrições de viagem, mas o turismo comum continua proibido por enquanto.

 

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