Jogo retórico entre EUA e Coreia do Norte interessa só um lado, explica especialista

  • Por Jovem Pan
  • 10/08/2017 16h32 - Atualizado em 10/08/2017 16h45
Agência EFE Coreia do Norte tem realizado uma série de testes com mísseis balísticos e assombra os Estados Unidos

A relação entre Estados Unidos e Coreia do Norte é a mais tensa desde a década de 50. Como forma de demonstração de força, os dois Países promoveram diversas retóricas ao longo da última semana. Os norte-coreanos ameaçam lançar misseis nas proximidades da base militar norte-americana, na península de Guam, e em contrapartida Donald Trump retrucou prometendo “fogo e fúria à Coreia do Norte”. Por isso, a principal pergunta é: Será que o conflito pode levar a um confronto aberto?

Em entrevista a Jovem Pan, o professor de relações internacionais da ESPM, Gunter Rudzit, esclarece que não deve haver um ataque dos Estados Unidos à Coreia do Norte, principalmente porque Trump precisaria ter uma capacidade militar muito maior do que tem na região para eliminar o máximo possível da capacidade nuclear. “Essa escalada verbal dos dois lados preocupa porque aumenta as tensões e pode haver erro de leitura e levar ao conflito. Teoricamente, não haveria tensão, mas algo fora do planejado pode acontecer”, explicou.

Quando questionado sobre o que seria “algo fora do planejado”, o especialista destacou que as recentes declarações de Trump soam como uma provocação ao líder norte coreano, Kim Jong-un . “Como ele pode interpretar isso?. Será que Kim Jong-un não teria interesse em lançar misseis perto da ilha de Guam? Os norte-americanos já disseram que se a Coreia lançar um míssil, eles vão interceptar. O que a Coreia faria se os Estados lançassem misseis? Há muitos cenários e é algo muito complexo”, ressaltou.

O professor de relações internacionais pontuou que esse jogo retórico interessa apenas a Kim Jong-um, e que Donald Trump dá mostras de que os Estados Unidos “batem” cabeça. “O líder norte coreano consegue uma projeção que o legitima internamente e ganha a aprovação da população ao mostrar que ele enfrenta os Estados Unidos. Afinal, a Coreia é um País pequeno, pobre, miserável e tem conseguido atrais as atenções. Já Trump não consegue passar uma mensagem única, em função das declarações dúbias de seus secretários”.

“Nem o próprio Kim Jong-un sabe o que os Estados Unidos querem dizer. É perigoso porque ele é uma criança mimada que cresceu nunca ouvindo ‘não’, nunca tomou um tapa na mão e agora controla um arsenal de bombas atômicas. Isso é preocupante não dá para interpretar como ele pensa”, completou.

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