Jordânia tenta salvar piloto de ameaça do Estado Islâmico

  • Por Agencia EFE
  • 01/02/2015 19h28

Cairo, 1 fev (EFE).- A Jordânia deu continuidade neste domingo às tentativas de salvar o piloto Moaz Kasasbeh, refém do Estado Islâmico (EI), grupo jihadista que ontem voltou a cumprir suas ameaças ao decapitar o jornalista japonês Kenji Goto após dias de intensas negociações.

O porta-voz do Executivo jordaniano, Mohammed al Momani, repudiou em comunicado a execução de Goto e o terrorismo que vem sendo praticado pelo EI.

Al Momani ressaltou que seu país continua “se esforçando” para conseguir a libertação de Kasasbeh, capturado pelos extremistas no dia 24 de dezembro de 2014 enquanto participava de uma ofensiva aérea da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra o EI.

As tensas negociações entre o grupo jihadista e os governos de Jordânia e Japão não evitaram que o jornalista japonês fosse decapitado, segundo um vídeo no qual os radicais acusam Tóquio por participar da aliança internacional no Iraque e na Síria.

“A Jordânia não poupou nenhum esforço para proteger a vida do refém japonês e salvá-lo, e estava em constante contato e coordenação com o governo japonês”, disse Al Momani, que acrescentou que “os terroristas recusaram todas as tentativas” jordanianas para libertar o repórter.

Em troca, o EI exigia a libertação da terrorista Sayida al Rishawi, condenada à pena de morte na Jordânia.

Amã aceitou trocar Al Rishawi por Goto e Kasasbeh, mas aparentemente a negociação ficou congelada porque a Jordânia exigiu uma prova de que o piloto estava vivo. No vídeo da decapitação do japonês, o Estado Islâmico não menciona o militar jordaniano.

O porta-voz da Jordânia afirmou que o país ainda tenta conseguir a “prova” que Kasasbeh continua vivo para fazer com que retorne ao país.

Em 20 de janeiro, coincidindo com a viagem do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, ao Oriente Médio, o EI divulgou um primeiro vídeo exigindo de Tóquio o pagamento de US$ 200 milhões para não assassinar dois japoneses em seu poder, Goto e Haruna Yukawa, executado há uma semana.

A opositora Coalizão Nacional Síria (CNFROS) se uniu ao repúdio pelo assassinato do segundo refém japonês e acusou o Estado Islâmico de cometer “crimes horríveis”.

O primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, pediu à comunidade internacional para que aumente sua cooperação para exterminar o grupo extremista, que em junho de 2014 declarou um califado nas regiões que controla na Síria e no Iraque.

O Estado Islâmico promove uma guerra propagandística pela internet na qual constantemente ameaça e ordena ataques aos países ocidentais e a todos os que participam da luta contra o grupo.

Além de executar os dois japoneses, a organização jihadista assassinou na Síria os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e três assistentes sociais, os britânicos David Haines e Alan Henning e o americano Peter Kassig.

O Estado Islâmico sofreu grandes retrocessos em terra recentemente, como na cidade curda de Kobani, localizada no norte da Síria, junto à fronteira com a Turquia, que foi liberada pelas forças curdas com ajuda da coalizão internacional após quatro meses de combates.

No Iraque, os intensos bombardeios internacionais iniciados em agosto e os ataques da aviação iraquiana, apoiados por terra por milicianos tribais e curdos, serviram para enfraquecer o grupo radical, que continua dominando cidades como Mossul, a segunda maior cidade do país.

Fontes informaram à Efe neste domingo que mais de 60 integrantes do EI morreram nos últimos dois dias no norte do Iraque em combates com as forças curdas e em bombardeios.

A violência não dá trégua no país, onde pelo menos 1.375 iraquianos morreram (entre eles 585 militares) e 2.240 ficaram feridos em atentados terroristas e episódios de violência em janeiro, segundo a missão da ONU no país, Unami.

Na Síria, onde mais de 200 mil pessoas morreram desde março de 2011, a situação também está longe de ser estabilizada, com contínuos conflitos entre tropas do regime de Bashar al Assad e os rebeldes, assim como entre esses dois lados e os jihadistas do EI.

Em Damasco, perto do mercado de Al Hamidiya, pelo menos sete civis morreram neste domingo e 20 ficaram feridos devido a uma explosão em um ônibus no qual supostamente estavam pessoas de confissão xiita. EFE

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