Lideranças mundiais fracassaram em promover igualdade de gênero, diz ONU

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2015 18h10

Nações Unidas, 6 mar (EFE).- A ONU Mulheres lamentou nesta sexta-feira o “fracasso coletivo” das lideranças mundiais em promover a igualdade de gênero, em referência às metas fixadas há vinte anos e mencionou, por exemplo, os perigos a que as mulheres estão expostas em zonas de conflitos armados.

“Em muitas partes do mundo é mais perigoso ser mulher do que ser soldado”, afirmou a diretora-executiva da ONU Mulheres, a sul-africana Phumzile Mlambo-Ngcuka, em entrevista coletiva na sede das Nações Unidas às vésperas de Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março).

Ela mencionou os progressos até agora a partir dos compromissos assumidos em 1995 em Pequim na IV Conferência Mundial sobre a Mulher, foram muito lentos.

Essa plataforma foi “muito ambiciosa e altamente prática” e foi fixada em um momento de grande esperança. Os líderes dos 189 países que assinaram os compromissos pensavam que essa agenda seria cumprida em 2005. “Bem, nós sabemos o que aconteceu”, afirmou Mlambo-Ngcuka.

O progresso nessas metas será apresentado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em uma reunião que começará na próxima segunda-feira, com a presença de altas personalidades.

A revisão feita em 167 países mostrou que o progresso foi “desigual e muito lento, com algumas áreas em que houve, de fato, retrocesso”, destacou o documento.

A diretora-executiva ressaltou progressos como as legislações que permitiram fixar ferramentas para combater a violência contra as mulheres, mas também assinalou que “o avanço foi muito lento, por exemplo, na representação de mulheres nos parlamentos nacionais”.

Se em 1995 essa representação era de 11%, agora é só o dobro, 22%, uma “média muito baixa”, lamentou.

Consultada sobre conflitos novos como os ataques do jihadismo, lembrou que 70% das vítimas nos conflitos são mulheres e crianças, e qualificou alguns métodos dos grupos terroristas como “medievais”.

A titular da ONU Mulheres anunciou o lançamento de uma campanha, “Por um planeta 50-50 em 2030”, para diminuir as desigualdades de gênero e conseguir a completa igualdade em 15 anos.

Mlambo-Ngcuka também anunciou que no próximo domingo haverá uma manifestação nas ruas de Nova York, organizada pela ONU, para lembrar o Dia Internacional da Mulher.

Levando em conta que Nações Unidas vem fomentando a igualdade de gênero, Mlambo-Ngcuka foi questionada se chegará um dia em que a organização será liderada por uma mulher.

“Uma mulher como secretária-geral da ONU seria a cereja do bolo”. EFE

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