Líderes da UE preparam novas sanções, mas dão uma semana à Rússia
Bruxelas, 30 ago (EFE).- Os líderes da União Europeia (UE) decidiram neste sábado preparar novas sanções contra a Rússia diante da “dramática” escalada de tensões no leste da Ucrânia, mas demam uma semana para defini-las e com isso dão margem para que Moscou negocie com Kiev uma solução política à crise.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, explicou que os chefes de Estado e de governo estão “determinados a pôr toda a pressão possível sobre a Rússia para que se sente à mesa de negociação e encontre uma solução política à crise, porque “não há nenhuma solução militar”.
A UE, reconheceu, não tem muitos meios à disposição para alcançar este objetivo, mas as sanções econômicas já adotadas estão tendo “um impacto visível na economia da Rússia” e após a “dramática escalada das tensões nos últimos três dias no leste da Ucrânia, todos os esforços devem ser para deter o derramamento de sangue e evitar o pior”.
Van Rompuy disse que não há nenhum “critério preciso” para ativar as novas sanções, mas “todo mundo é plenamente consciente de que temos que atuar rapidamente dada a evolução no terreno e a trágica perda de vidas”.
Os líderes europeus pediram à Comissão Europeia (CE) que prepare de maneira “urgente” propostas para as novas sanções, mas tanto Van Rompuy como o presidente do Executivo comunitário, José Manuel Durão Barroso, assinalaram que já estão com todas as opções prontas.
As consultas com os países começarão a partir da próxima semana para estarem preparadas em sete dias.
Os chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE), que se reuniram no sábado com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, condenaram “o cada vez maior fluxo de combatentes e armas do território russo em direção ao leste da Ucrânia, assim como as agressões das Forças Armadas russas em solo ucraniano”.
A UE pediu novamente que Moscou retire “imediatamente todos seus ativos e forças militares da Ucrânia”, depois de Poroshenko afirmar hoje mesmo que há “milhares” de soldados e tanques em solo ucraniano, um extremo confirmado esta semana pela Otan.
“Acho que estamos muito perto de um ponto de não retorno. O ponto de não retorno é uma guerra em grande escala”, assinalou Poroshenko depois de se reunir com os líderes comunitários.
José Manuel Durão Barroso, no entanto, disse que “ainda não é tarde demais para uma solução política”.
A UE ressaltou a importância de se implementar o plano de paz de Poroshenko, e que o primeiro passo deveria ser “um cessar-Fogo mutuamente estipulado e verificável”, o restabelecimento do controle ucraniano sobre a fronteira com a Rússia e um “cessação imediata do fluxo de armas, de material e de pessoal militar” da Federação russa à Ucrânia, assim como a libertação urgente de todos os sequestrados e presos.
Tanto a UE como Poroshenko estão com as esperanças colocadas nas negociações que serão retomadas na segunda-feira em Minsk (Belarus) entre Ucrânia e Rússia, sob a mediação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Van Rompuy reconheceu que as sanções também terão consequências nas economias da União Europeia, mas reforçou que esse “é o preço que é preciso pagar”.
O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, se recusou a falar de um “ultimato” à Rússia e disse que “não está em jogo somente uma discussão sobre sanções, está em jogo a ideia de Europa e de sua relação com seu maior vizinho, a Rússia”, sustentou.
O presidente francês, François Hollande, destacou que na cúpula de hoje “a Europa afirmou situações que não podem ser toleradas em suas fronteiras”, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, advertiu que as relações entre a UE e os Estados Unidos com a Rússia serão “radicalmente diferentes” se Moscou não corrigir sua atuação.
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que “todos os esforços devem estar voltados para manter os canais de comunicação abertos”. EFE
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