Londres autoriza investigação pública sobre a morte de ex-espião Litvinenko

  • Por Agencia EFE
  • 22/07/2014 08h02

Londres, 22 jul (EFE).- A ministra britânica de Interior, Theresa May, anunciou nesta terça-feira que haverá uma investigação pública no Reino Unido sobre a morte por envenenamento em Londres do ex-espião russo Alexander Litvinenko, em 2006.

A titular de Interior assinalou que espera que esta investigação seja um “consolo” para a viúva de Litvinenko, Marina, que há anos pede um esclarecimento deste tipo.

O ex-espião da KGB, que estava exilado no Reino Unido desde 2000, morreu em 23 de novembro de 2006 aos 43 anos, envenenado com a substância radioativa polônio-210, após tomar chá em um hotel da capital britânica com dois colegas russos.

A viúva acredita que seu marido foi assassinado por ordens do Kremlin e revelou que, na época da morte, colaborava para os serviços de espionagem britânicos MI6.

Após o anúncio de Mai, Marina Litvinenko disse estar “aliviada e maravilhada” porque haverá finalmente uma investigação pública que permita enviar uma mensagem clara aos assassinos de que, por mais poderosos que sejam, a “verdade aparece no final”.

Com esta pesquisa, que não teve data de início fixada, os investigadores poderão estabelecer se o Estado russo estava envolvido em uma conspiração para matar o antigo agente da KGB.

Espera-se que muitas das provas levantadas na investigação sejam analisadas a portas fechadas caso afetem a segurança nacional britânica, segundo a imprensa local.

Até agora, o governo tinha se negado a iniciar um processo deste tipo por considerar que não era necessária, pois já havia outras duas abertas, a policial e a legista.

Mas Marina Litvinenko insistiu na necessidade de esclarecer o que aconteceu através de uma pesquisa pública.

A investigação será presidida pelo juiz Robert Owen, quem foi o responsável pela pesquisa legal sobre a morte de Litvinenko.

Segundo Interior, o objetivo é estabelecer “como, quando e onde” o ex-espião morreu e “quem” foi responsável por seu envenenamento, mas não se centrará em determinar se as autoridades britânicas deveriam tomar medidas para evitá-lo.

Em fevereiro, o Tribunal Superior de Londres já tinha considerado que o governo devia revisar a decisão de não autorizar a investigação pública.

A partir de uma ação apresentada pela viúva, a corte concluiu que o executivo deveria reconsiderar sua posição porque as razões apresentadas pelo Interior não ofereciam uma “base racional” suficiente que justificasse a negativa.

A morte de Litvinenko causou uma grande comoção no Reino Unido, e os ex-agentes da KGB Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun foram identificados como possíveis suspeitos da morte.

A investigação no Reino Unido causou tensões com o governo russo, que se negou a cooperar com a polícia britânica. EFE

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