Maduro anuncia medidas para reativar economia em conjunto com empresários

  • Por Agencia EFE
  • 24/04/2014 01h57

Caracas, 23 abr (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira medidas para reativar a economia do país e convocou os empresários venezuelanos para que trabalhem em conjunto com o Executivo para reativar a produção, acabar com o desabastecimento e controlar os preços.

Após um longo dia de trabalho da denominada Comissão Econômica da Paz, do que participaram mais de 700 empresários e todos os ministros vinculados com a parte econômica, Maduro anunciou uma série de medidas entre as quais se encontra o reconhecimento e a liquidação de 30% da dívida reivindicada por divisas para setores prioritários.

Além disso, o governante anunciou que vai colocar à disposição do setor privado grandes fundos do Estado como os vinculados com a China e para a atividade no Mercosul, assim como acordos com shoppings e com o setor automotivo para dar uma resposta aos problemas pendentes.

Com contínuos pedidos de trabalho conjunto e com a manifestação de seu compromisso com “o diálogo permanente, o trabalho integrador e a ação para a resolução dos problemas”, o presidente também se mostrou autocrítico ao reconhecer os problemas de “governabilidade” na hora de planejar a agenda, a tomada e a execução de decisões para responder aos problemas.

“Às vezes eu vejo o mapa de temas que vocês propõem e, de verdade, na maioria deles, digo 95%, não há justificativa para os problemas que acumulamos, e temos que assumi-lo autocriticamente frente ao país”, disse.

“Não temos justificativa de alguns problemas que se acumulam, às vezes por excesso de burocracia, por desordem, pela falta de prioridades, pela falta de acompanhamento. Temos que quebrar essas barreiras”, afirmou Maduro diante da comissão criada após o início dos protestos contra o governo no dia 12 de fevereiro.

O presidente deixou para amanhã o anúncio dos valores de comercialização de uma série de produtos, incluídos os do setor automotivo, através da Superintendência de Preços Justos, órgão designado para regular os preços através da lei que entrou em vigor este ano e prevê margens de lucro e penas de prisão severas para os infratores.

Maduro disse que serão “bem-vindas as propostas” para “aperfeiçoar os termos dessa lei, para que se alcance o objetivo de regulamentar a economia corretamente e que a mesma funcione de maneira sadia”.

Acrescentou que “não será por falta de investimento” que o sistema produtivo “vai se afogar ou estagnar” e anunciou que colocará à disposição dos participantes da conferência o Fundo Chinês, o Fundo de Desenvolvimento Nacional (Fonden) e o Fundo Mercosul-Alba com “importantes recursos em moeda estrangeira e em bolívares para dinamizar uma nova estratégia de investimento”.

O Fundo Alba-Mercosul foi criado no ano passado para fortalecer o setor produtivo com mais de US$ 1,1 bilhão, enquanto o Fundo Chinês dispõe de US$ 20 bilhões para projetos de desenvolvimento e o Fonden utiliza os excedentes das reservas internacionais para financiar projetos públicos.

Maduro disse que propôs a liquidação de até o 30% do “financiamento e administrações pendentes das divisas por setores prioritários”, que serão canceladas de “maneira imediata” para avançar “no restante dos compromissos adquiridos”.

Também se referiu ao setor automotivo no qual, assinalou, após um processo de diálogo com todas as unidades de montagem “foram estabelecidos os preços justos, dos novos preços dos veículos que estão sendo comercializados no mercado nacional”.

“Comprometemos-nos a resolver todas as necessidades que apresentaram as unidades de montagem para sua reestruturação e para resgatar sua capacidade produtiva nacional”, assinalou.

Maduro afirmou que o governo está “muito perto de uma conclusão e de um resultado positivo” com os shoppings para uma nova lei que contemple o regime de aluguéis de pontos comerciais, que recentemente foram objeto de uma norma que estabelecia limites para seus montantes.

Além disso, anunciou a ativação de 56 bilhões de bolívares (US$ 900 milhões) da bolsa de investimento dos bancos públicos e privados para construir 220 mil casas nos principais centros urbanos do país.

Maduro propôs que ministros e órgãos visitem e inspecionem, a partir da segunda-feira, “todas as indústrias e empresas para poder diagnosticar os problemas e as soluções imediatas”.

“Não podemos perder esta tremenda oportunidade que nos está sendo oferecida pelo desenvolvimento dos eventos históricos na Venezuela”, opinou o presidente. EFE

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