Menina de 5 anos morre após ser violentada em centro médico na Bolívia

  • Por Agencia EFE
  • 21/10/2014 17h17

La Paz, 21 out (EFE).- Uma menina boliviana de cinco anos foi violentada em um centro médico supostamente por um enfermeiro e depois morreu quando era transferida a um hospital em uma cidade da região central de Cochabamba, denunciou nesta terça-feira a Defensoria Pública.

O defensor público, Rolando Villena, expressou hoje “sua indignação e alarme” após saber do estupro e morte no sábado de uma menina da cidade de Capinota, que foi internada em um centro médico para ser atendida, mas ali sofreu “um ultraje”.

“Estamos mais que consternados por este fato que segue mostrando os efeitos de uma sociedade que parece ter perdido definitivamente a humanidade e onde acontecem todos os dias casos trágicos até a selvageria e onde as vítimas em sua maioria são mulheres e meninas”, lamentou Villena em comunicado.

A menina foi levada por sua família ao centro médico porque tinha 39,5 graus de febre.

Ali, ficou durante um momento ao cuidado do enfermeiro, que depois foi acusado de estupro e preso em um presídio de Cochabamba, segundo a Defensoria.

Villena lamentou que casos como estes “nem sequer merecem a atenção e o alarme público porque se naturalizaram ou talvez porque se trata de uma menina camponesa”.

O defensor enfatizou sua preocupação porque este caso se soma ao recente assassinato de uma mulher que ocorreu no meio da rua e perante várias testemunhas que não fizeram nada para evitar o crime.

Nos últimos dias se registraram, além disso, duas tentativas de feminicídio, um deles protagonizado por um militar que disparou contra sua mulher e outro contra uma prostituta.

E tudo isso, segundo Villena, poucos dias após a promulgação de um decreto que regulamenta uma lei aprovada em 2013 para proteger as mulheres vítimas de violência machista.

O decreto permite ao Estado financiar casas de amparada para mulheres maltratadas, assim como as operações da unidade policial criada para frear este tipo de crime.

A lei castiga com 30 anos de prisão sem direito a indulto os feminicídios ou assassinatos de mulheres por sua condição de gênero.

“Parece que estamos nos conformando em sancionar com 30 anos de prisão os feminicidas, em ditar mais normas e seguir contando as vítimas, e não estamos vendo a gravidade e urgência de trabalhar em ações de proteção e vigilância, especialmente de meninas e adolescentes”, criticou o defensor público.

Villena acrescentou que perante a evidência dos casos se pediu ao governo e aos municípios para declararem um alerta para iniciar ações de prevenção contra os crimes, mas há uma “excessiva formalidade e burocracia” para avançar nesse sentido.

Entre janeiro e setembro deste ano 93 mulheres foram assassinadas em casos de violência machista e 62 por insegurança cidadã, segundo o Centro de Informação da Mulher.

Desde 2009 se registraram 585 casos de feminicídios, a maioria ainda sem sentença, de acordo com a mesma organização. EFE

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