Ministro sueco acusa Cameron de fazer política com a crise em Calais

  • Por Agencia EFE
  • 02/08/2015 13h16

Londres, 2 ago (EFE).- O ministro da Justiça da Suécia, Morgan Johansson, acusou neste domingo o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, de “fazer política” com a crise migratória em Calais (França) e usar linguagem divisória e “pouco construtiva”.

Em declarações à “BBC Radio 4”, Johansson disse que o Reino Unido “pode fazer muito mais” para responder à crise migratória internacional, por exemplo acolhendo a mais solicitantes de asilo.

A crise no porto de Calais, onde a cada dia dezenas de imigrantes ilegais, a maioria africanos, tentam entrar no Eurotúnel para chegar à Inglaterra, é causada porque Londres e Paris não estão assumindo toda a sua “responsabilidade” no amparo de imigrantes, disse o político.

A Suécia, por exemplo, aceita todos os refugiados da Síria e a cada semana admite em torno de 1,2 mil solicitantes de asilo, enquanto o Reino Unido se negou a participar do programa europeu de amparo. No ano passado, a Suécia recebeu 30 mil pessoas, o triplo do Reino Unido, em dados apresentados pela “BBC”.

“Vejo um país que não quer assumir a responsabilidade que deveria”, disse o ministro, em alusão ao Reino Unido. A situação em Calais, de acordo com Johansson, revela “um sistema que se está desmoronando”.

O representante sueco também criticou o chefe do governo de Londres por usar termos como “praga” e “imigrantes ilegais” antes mesmo de avaliar a condição das pessoas que solicitam asilo, e lamentou que “tente dividir o povo, o que não é construtivo”.

O secretário de Estado britânico de Imigração, James Brokenshire, defendeu por sua parte “a contribuição” feita por seu governo, com 800 milhões de libras destinadas à crise humanitária na Síria, e afirmou que era preciso diferenciar entre os que fogem de conflitos e os que emigram “em busca de uma vida melhor”.

Brokenshire comentou que a legislação no Reino Unido poderia ser alterada a fim de retirar as ajudas que atualmente são concedidas às famílias cuja solicitação de asilo foi rejeitada, cerca de 10 mil no país.

A ministra do Interior, Theresa May, em artigo publicado neste domingo nas imprensas britânica e francesa com o colega francês, Bernard Cazeneuve, tem opinião similar.

“Muitos veem a Europa, e em particular o Reino Unido, como um destino que oferece a perspectiva de benefícios econômicos. Esse não é o caso, nossas ruas não estão asfaltadas de ouro”, afirma no texto, onde se pede à União Europeia que “rompa a ligação entre atravessar o Mediterrâneo e conseguir residência na Europa por razões econômicas”.

No mesmo artigo, os dois ministros afirmam que a crise de Calais não é assunto “só” de seus países e pedem envolvimento da União Europeia para abordar “a raiz” do problema.

Como resposta às tentativas de entrar no Eurotúnel feitas pelos imigrantes, que vivem em um acampamento provisório à espera que se decida sua condição, aumentaram a presença policial e as medidas de segurança.

Cameron, muito pressionado pelos setores mais reacionários de seu partido e do país, se solidarizou com os turistas e empresas afetados pelos atrasos na fronteira. EFE

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