Morales admite que corrupção atrapalhou seu partido nas eleições regionais

  • Por Agencia EFE
  • 30/03/2015 22h30

La Paz, 30 mar (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, admitiu nesta segunda-feira que a corrupção prejudicou a credibilidade de seu partido nas eleições regionais e locais realizadas ontem, nas quais o Movimento ao Socialismo (MAS) perdeu em alguns de seus redutos mais tradicionais.

Em entrevista coletiva em La Paz, Morales lamentou as derrotas sofridas pelo partido governista no departamento de La Paz, na prefeitura da capital e na cidade vizinha de El Alto.

Morales taxou de “preocupante” o caso de El Alto, que era um dos redutos políticos mais fortes de seu governo, onde “houve acusações” de corrupção contra o candidato governista à prefeitura, Edgar Patana, que – em sua opinião – devem ser investigadas.

“Se isso é verdade, o povo deu um voto de castigo contra a corrupção e, se é assim, felicito o povo de La Paz”, opinou.

Faltando dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as pesquisas a boca de urna divulgadas pela imprensa no domingo continuam sendo utilizadas hoje como referência.

Essas estimativas dão como vencedora em El Alto a opositora de origem aimara, Soledad Chapetón, com 55,2%, contra 31,8% de Patana, que buscava a reeleição.

No pleito, o MAS também perdeu o governo de La Paz, atualmente sob comando de César Cocarico, para o aimara Félix Patzi, dissidente do partido de Morales e hoje candidato opositor.

Patzi se impôs com 52% sobre a candidata governista, a indígena Felipa Huanca, que obteve 29,2% dos votos, segundo os dados extraoficiais.

“Sinto que ainda há machismo e também discriminação contra uma mulher de origem camponesa”, inclusive por parte das mulheres, afirmou hoje Morales, que também assegurou que quando acompanhava Felipa durante a campanha, “as mulheres olhavam de soslaio” com “inveja e cobiça”.

Além de perder nessas praças, o governo também não conseguiu até agora vencer a batalha pela prefeitura de La Paz, onde o opositor Luis Revilla foi reeleito com quase 60% de apoio.

Os bolivianos compareceram às urnas no domingo para escolher nove governadores, 339 prefeitos, além de membros das assembleias regionais e vereadores municipais, entre outras autoridades.

Até a tarde de hoje, o avanço da apuração oficial por parte dos tribunais departamentais eleitorais oscilava entre 1% e 29% em oito regiões, enquanto no caso de Pando ainda não há dados disponíveis, segundo o site do TSE.

Com os dados extraoficiais, o MAS venceu em quatro dos nove departamentos, enquanto a oposição triunfou em três e deve haver segundo turno nos dois restantes.

De acordo com esses dados, que foram reconhecidos como representativos por governo e oposição, o partido de Morales se impôs com mais de 50% nos departamentos de Cochabamba, Oruro, Potosí e Pando, enquanto a oposição fez o mesmo em Santa Cruz e La Paz. Já no departamento de Tarija, a oposição também saiu vencedora, mas com um percentual inferior.

Em Chuquisaca e Beni deve haver segundo turno porque as diferenças entre governistas e opositores são pequenas ou insuficientes para se proclamar um vencedor.

O caso de Beni foi seguido com atenção particular, sobretudo pela missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O TSE anulou nesse departamento 228 candidaturas do partido Unidade Democrata (UD), uma semana antes das eleições, com o argumento de que a legenda cometeu crime eleitoral ao divulgar pesquisas próprias.

A inabilitação impediu que o opositor Ernesto Suárez, candidato a governador e indicado como o possível vencedor pelas pesquisas, pudesse se apresentar às eleições.

O chefe da missão eleitoral da OEA, o ex-presidente da Guatemala Álvaro Colom, lamentou o cancelamento da personalidade jurídica do UD e considerou “importante a promoção de um debate político e legislativo” para “salvaguardar as prerrogativas cívicas estabelecidas nos tratados internacionais e na Constituição”.

Colom mencionou que em seu país “alguns partidos políticos foram inabilitados, mas não três ou quatro dias antes das eleições porque isso significaria uma guerra civil”.

A OEA observou que o sistema eleitoral boliviano tem “um problema estrutural” e por isso é necessário um debate político e legislativo para fazer as reformas necessárias nas normas e nas faculdades da entidade eleitoral. EFE

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