Multa a Shell e BASF por poluição financiará pesquisa contra câncer

  • Por Agencia EFE
  • 24/04/2015 19h13

São Paulo, 24 abr (EFE).- Parte da indenização de R$ 370 milhões (US$ 134 milhões) à qual foram condenados a anglo-holandesa Shell e o grupo químico alemão BASF por contaminação no Brasil financiará pesquisas sobre o câncer, informou nesta sexta-feira o Ministério Público do Trabalho.

Um porta-voz do MPT assinalou à Agência Efe que o órgão fiscalizador destinará R$ 95,8 milhões dos R$ 200 milhões de danos morais coletivos da multa a cinco projetos de saúde.

Ambas as empresas foram também condenadas a pagar R$ 170 milhões a mais aos ex-trabalhadores que tiveram graves sequelas na saúde devido à exposição a substâncias tóxicas em uma antiga fábrica de pesticidas no estado de São Paulo.

A fábrica, que foi vendida pela Shell em 1995 e comprada pela BASF em 2000 – dois anos antes de fechá-la – operou na cidade de Paulínia entre 1977 e 2002.

Do volume financeiro dedicado a estes projetos, o Hospital de Câncer de Barretos receberá R$ 69,9 milhões para construir uma unidade de câncer de mama em Campinas, a segunda maior região metropolitana do estado de São Paulo.

O Centro Infantil Boldrini, também em Campinas, receberá R$ 19,3 milhões para construir um centro de pesquisa oncológica e acompanhar 100 mil crianças do nascimento à maioridade.

Os institutos Fiocruz do Rio de Janeiro e de Pernambuco, com dotações de R$ 3,6 milhões e R$ 1,5 milhão respectivamente, analisarão a saúde dos trabalhadores que empregam agroquímicos nas cadeias de produção.

Por último, a Universidade Federal da Bahia e o instituto Fundacentro receberão R$ 1,5 milhão para avaliar a exposição dos trabalhadores ao amianto e seus efeitos na saúde, assim como os registros de câncer vinculados à substância.

O MPT tem até abril de 2018 para investir os quase R$ 104 milhões restantes em programas de prevenção e cuidados à vítimas de intoxicação, que ainda estão sendo analisados.

BASF e Shell foram condenadas em agosto de 2010 ao pagamento de indenizações por um dos maiores casos de poluição ambiental do Brasil, que afetou também o solo e o lençol freático da região.

Dezenas de ex-empregados foram diagnosticados com diferentes tipos de câncer, especialmente de próstata e de tireoide; doenças do aparelho circulatório, hepáticas e intestinais, além de alterações na fertilidade e impotência sexual. EFE

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