Novo atentado em Cabul comprova aumento da violência no Afeganistão

  • Por Agencia EFE
  • 27/11/2014 16h29

Baber Khan

Cabul, 27 nov (EFE).- O Afeganistão voltou nesta quinta-feira a viver um dia de luto por conta da morte de cinco pessoas, uma delas britânica, no quinto atentado em Cabul neste mês, ao mesmo tempo em que centenas de pessoas pediam na cidade o fim da violência e o Senado afegão ratificava o acordo de segurança com os Estados Unidos.

Por volta das 10h30 local (3h, em Brasília), um suicida explodiu bombas colocadas dentro de seu carro quando se aproximava da embaixada da Grã-Bretanha, no leste da capital afegã.

A embaixada em Cabul informou à Agência Efe que um de seus veículos foi atacado e um “grande número” de funcionários ficaram feridos.

Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, confirmou a morte de um civil britânico membro da equipe de segurança da embaixada e de um afegão que também trabalhava no local.

No total, cinco pessoas morreram e 34 ficaram feridas.

O porta-voz talibã, Zabihula Mujahid, reivindicou no Twitter a autoria do atentado, dirigido contra “os invasores estrangeiros”.

O de hoje é o último de uma longa lista de atentados que foram aumentando o nível de violência no país a menos de um mês para o término da missão da Otan, a Isaf, destacada no Afeganistão depois das tropas americanas que invadiram o país em 2001 para derrubar o regime talibã.

Precisamente o Senado afegão aprovou hoje o acordo de segurança com os Estados Unidos que prolonga a presença de tropas desse país no Afeganistão até 2024, completando o trâmite parlamentar necessário para que o presidente, Ashraf Gani, assine definitivamente o convênio.

Os Estados Unidos manterão desdobrados no terreno cerca de 9,8 mil soldados até 2024, enquanto a Aliança Atlântica anunciou que manterá 2,7 mil militares a partir de 2015, em uma “nova missão não de combate para prosseguir com o desenvolvimento da capacidade das Forças de Segurança afegãs”.

Apesar dessa continuidade, neste mês ocorreram vários ataques em Cabul, como o atentado ao qual sobreviveu a deputada e ativista afegã Shukria Barakzai ou no qual morreu um coronel após ataque suicida no quartel-general das forças da ordem na cidade.

No meio de novembro, as forças da Otan sofreram dois ataques em apenas dois dias em seus quartéis em Cabul, nos quais, entre outros, morreram dois estrangeiros.

Em outra zonas do país, a violência também continua após a morte, há três dias, de dois soldados americanos em um ataque insurgente e o massacre de 61 civis em um atentado suicida durante uma partida de vôlei no leste do país, na província de Paktika.

De fato, o número de mortos civis aumentou 17%, até os 1.564, e o de feridos subiu 28%, até os 3.289, na primeira metade de 2014 com relação ao mesmo período do ano anterior no Afeganistão, de acordo com a ONU.

Essa escalada de violência levou hoje centenas de pessoas a se manifestar no parque Zarnigar da capital afegã, onde reivindicaram que o governo envie a outros países com melhores recursos de saúde os feridos em situação crítica após o atentado suicida do domingo durante a partida de vôlei.

Hajji Saggai, vizinho do distrito de Yahya Khel, onde ocorreu o atentado, relatou à Efe que vários membros de sua família ficaram feridos e foram transferidos ao Hospital Militar Sardar Mohammed Dawoud Khan de Cabul, porque os hospitais da zona estão lotados.

“Entre nossos parentes, 15 estão em situação crítica e o governo previu enviá-los ao exterior para receber tratamento, porque aqui não há equipamentos modernos para atendê-los”, declarou Saggai. EFE

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