Pais de jovens desaparecidos no México denunciarão o caso em Genebra

  • Por Agencia EFE
  • 28/01/2015 17h47

Cidade do México, 28 jan (EFE).- Uma representação dos pais dos 43 estudantes que desapareceram no dia 26 de setembro do ano passado no sul do México viajará no próximo sábado a Genebra, na Suíça, para denunciar o governo mexicano perante o Comitê das Nações Unidas contra o Desaparecimento Forçado.

O porta-voz das famílias dos desaparecidos, Felipe de la Cruz, explicou à “Radio Fórmula” que o comitê é integrado por Hilda Aguileño e Bernabé Abraham, pais de vítimas, e uma advogada do centro de direitos humanos Tlachinollan.

“Não vamos ficar sentados”, disse De la Cruz um dia depois que a procuradoria mexicana assegurou que tinha comprovado “cientificamente” que os 43 alunos da escola Normal Rural de Ayotzinapa foram assassinados e seus corpos queimados por membros do cartel Guerreros Unidos que acreditavam que estes eram integrantes do grupo rival Los Rojos.

Os pais asseguraram que não há provas científicas que confirmem a versão da procuradoria, à qual acusam de pretender encerrar o caso por motivos políticos, e reforçaram que manterão sua luta e recorrerão a instâncias internacionais para denunciar o governo.

“O México tem responsabilidade internacional em relação aos direitos humanos” e por isso deve ser revisado por organismos supranacionais especializados na matéria, disse na terça-feira o advogado das famílias, Vidulfo Rosales, ao anunciar a viagem a Genebra.

De la Cruz salientou que, embora rejeitem a conclusão da Procuradoria Geral da República, “o diálogo com o governo federal não está quebrado”.

“O presidente (Enrique Peña Nieto) diz que não podemos ficar na dor (…), que devemos avançar, mas quem pode avançar quando te falta alguém em casa?”, questionou.

Por sua parte, Rosales declarou que conseguirão “um conjunto de testemunhos e provas técnicas periciais” que lhes permitam demonstrar que a versão da procuradoria “não é a verdade histórica”.

A partir de 487 exames periciais, contrastados com os depoimentos dos detidos, o procurador-geral do México, Jesús Murillo, confirmou que “ficou provado” de modo “contundente” que os jovens foram sequestrados, assassinados, incinerados e seus restos foram jogados no rio San Juan.

No total, há 99 detidos por este caso, entre eles o ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, María de Los Angeles Moreno, considerados autores intelectuais dos fatos que desencadearam a tragédia, e operadores de Guerreros Unidos.

Segundo as testemunhas, Abarca ordenou na noite de 26 de setembro do ano passado que os estudantes da Normal Rural de Ayotzinapa fossem atacados para evitar que arruinassem um ato conduzido por sua esposa. EFE

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