Parlamento venezuelano declara “fim de integração” com Colômbia e Brasil

  • Por EFE
  • 10/02/2018 20h22
FÁBIO GONÇALVES/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Defesa estima que mais de 32 mil venezuelanos passaram a fronteira até Roraima

A Comissão de Política Externa do Parlamento venezuelano declarou neste sábado (10) que a integração com a Colômbia e o Brasil terminou após as medidas adotadas nesta semana por estes países para fazer frente à onda migratória desencadeada da crise e “em defesa” de seus cidadãos.

“Com as medidas adotadas, é declarado de fato ‘o fim da integração colombo-venezuelana e brasilera-venezuelana’ que tinha gerado um jogo ganhar-ganhar desde a década de 90”, defendeu o presidente desta comissão, Luis Florido, segundo um comunicado facilitado pelo Parlamento.

Florido defendeu que estes dois países veem agora na Venezuela “um problema” e que isto “gera uma tensão entre Integração e Defesa do Interesse Comum através da Soberania, já que ambos endurecem as suas medidas migratórias para defender o interesse nacional”.

Para o deputado pelo partido Vontade Popular, estas decisões “deixam o problema do lado da fronteira de quem o gerou, o regime do (presidente) Nicolás Maduro”.

No entanto, apontou que tanto Brasil como Colômbia “têm consciência mais do que qualquer outro (país) da crise humanitária” pela qual passa a Venezuela e que embora “tratam de colaborar”, reconheceu que “criminosos (…) abusaram destes benefícios”, razão pela qual, acrescentou, “os obriga a tomar estas determinações”.

“As medidas ditadas pela Colômbia e Brasil, mais que favorável à Venezuela e aos venezuelanos, são uma ação em defesa de seus cidadãos e os seus recursos a nível doméstico”, finalizou o comunicado.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou na quinta-feira durante uma visita a Cúcuta, principal ponto fronteiriço do país com a Venezuela, que entre outras medidas migratórias nesta zona está a obrigação de carimbar o passaporte.

Além disso, deixarão de ser expedidos mais Cartões de Mobilidade Fronteiriça, usados pelos cidadãos de regiões de fronteira para cruzar os limites nacionais, bem como a criação de um grupo especial que terá responsabilidades de “garantir respeito do espaço público”.

Calcula-se que a cada dia, 37 mil venezuelanos entram na Colômbia, muitos dos quais chegam em busca de comida e remédios, enquanto 550 mil se instalaram definitivamente no país andino.

No mesmo dia no Brasil, durante uma visita ao estado de Roraima, onde chegaram nos últimos meses cerca de 32 mil venezuelanos, o ministro de Defesa deste país, Raul Jungmann, assegurou que o Governo avalia uma ampliação da atuação do Exército na fronteira.

Jugmann expressou preocupação e apontou que a situação dos venezuelanos neste estado, um dos mais pobres do país, se tornou um problema “nacional” que o Brasil precisa resolver.

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