Pode haver laços entre pessoa que entregou arma a Nismam e forças especiais

  • Por Agencia EFE
  • 25/01/2015 14h08

Buenos Aires, 25 jan (EFE).- Um ex-interventor da Polícia de Segurança Aeroportuária e atual deputado portenho apontou supostos laços entre as forças especiais de Segurança e o colaborador que entregou o arma ao promotor Alberto Nisman um dia antes de sua morte, informou neste domingo a imprensa local.

Marcelo Saín, deputado de Novo Encontro, assegurou que o homem que supostamente foi a última pessoa a ver Nisman com vida, Diego Lagomarsino (informático identificado como colaborador de confiança de Nisman), se ofereceu em 2005 como informante que podia entregar organizações narcotraficantes.

“Dizia que tinha sido recomendado por um oficial do grupo Halcón (Força Especial de Operações da Polícia da Província de Buenos Aires), e que o primeiro pedido que tinha era dinheiro”, declarou Saín à agência oficial “Télam”.

“Não entendo como a juíza não o investiga como possível homicida, quando na realidade deveria suspeitar de muita gente, e mais ainda da última pessoa que o viu com vida”, opinou Graso.

Diego Lagomarsino entregou a Nisman a arma calibre 22 que acabou com sua vida quando foi visitá-lo em seu domicílio um dia antes da morte, a pedido do promotor, segundo o testemunho do próprio Lagomarsino.

A segurança policial que protegia Nisman não revistou os pertences de Lagomarsino antes do mesmo entrar no domicílio.

Apesar de Lagomarsino estar em contato com a promotora da causa, Viviana Fein, e estar proibido de abandonar o país, ainda não foi chamado a prestar depoimento.

“Vejo muita incompetência por parte da juíza, porque para ser justos e equilibrados, também deveria chamar os seguranças, já que entrou uma pessoa com uma arma no local e passou tranquilamente; isso poderia ser uma negligência, claramente, porque o fato de que a pessoa seja conhecida não significa que não se tenha que revistar os pertences antes de entrar no local”, apontou Gordura.

Perante a concentração de todos os olhares sobre Lagomarsino, a família do técnico informático rompeu o silêncio para defender sua inocência e o pai assegurou que “ver um filho na televisão envolvido em uma circunstância como esta é chocante”, em declarações ao canal “Todo Noticias”.

Meios de comunicação locais especulam sobre a estranha posição que ocupava Lagomarsino, contratado como técnico de sistemas da promotoria que era liderada por Nisman, com um salário bem alto (cerca de US$ 4,6 mil).

Saín ressaltou também seu desacordo porque a Justiça não chamou o ex-agente do Serviço Secreto Antonio “Jaime” Stiuso para falar, que supostamente tinha estreitos vínculos com Nisman e tinha advertido que corria perigo de vida.

Nisman foi encontrado morto na noite de domingo, com um tiro na têmpora, horas antes de ter que comparecer perante o Congresso para detalhar uma denúncia interposta cinco dias antes contra a presidente argentina, Cristina Kirchner, e vários de seus colaboradores.

Em sua reivindicação, Nisman acusa Cristina de orquestrar um plano de encobrimento dos supostos terroristas iranianos responsáveis pelo atentado contra a Amia, que deixou 85 mortos em 1994, em troca de supostamente intensificar as relações comerciais com o Irã.

Embora as perícias descartem a princípio a intervenção de terceiras pessoas, a investigação ainda não confirmou a hipótese do suicídio enquanto cresce a polêmica em termos políticos.

Desde o governo tinham acusado Nisman de ter se deixado guiar em sua investigação pelos Serviços de Inteligência, envolvidos em uma guerra de poder interno, no dia que o promotor apresentou a denúncia.

A própria presidente argentina duvidou da hipótese do suicídio.

Ontem, a promotora da causa pela morte de Nisman confirmou que o disparo que matou Nisman tinha sido efetuado a uma distância não maior de um centímetro desde a arma entregue por Lagomarsino. EFE

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