Prefeito de Nova York pede trégua após protestos e críticas a sua gestão

  • Por Agencia EFE
  • 22/12/2014 20h08

Nova York, 22 dez (EFE).- O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, pediu nesta segunda-feira o fim dos protestos raciais e que sejam amenizadas as críticas a sua gestão até que seja superada a comoção causada pelo assassinato a sangue frio de dois policiais, no sábado passado.

“Encontraremos a forma de nos unir”, afirmou De Blasio em um ato público em uma associação esportiva policial, dois dias depois de os agentes Rafael Ramos e Wenjian Liu morrerem baleados por Ismaaiyl Brinsley no distrito do Brooklyn.

A morte dos dois policiais aconteceu em meio a uma onda de protestos em Nova York e em outras cidades por causa da morte do afro-americano Eric Garner, ocorrida em julho, por uma imobilização não autorizada aplicada por um policial quando tentava detê-lo.

Os protestos se aguçaram depois que um grande júri decidiu não acusar formalmente o agente responsável, e foram alimentados também pelas manifestações que se seguiram à morte de um jovem negro, Michael Brown, na cidade de Ferguson (Missouri).

Unido a isso, os sindicatos da polícia de Nova York criticaram em duros termos o prefeito por sentirem que ele não apoiava o suficiente os agentes, especialmente por causa das críticas veladas que fez pelo caso de Garner.

Hoje, disse De Blasio, a “única preocupação” deve ser prestar apoio às famílias dos dois agentes assassinados. “As críticas políticas e os protestos podem ser para outro dia”, acrescentou.

De Blasio, que em janeiro próximo completará um ano como prefeito de Nova York, disse que as famílias dos dois policiais, às quais tinha visitado previamente, “estão sofrendo uma terrível dor”, e pediu que lhes seja dado o apoio que precisam.

Esse ataque, acrescentou, foi “contra eles, para todos nós, para a democracia, para os valores que defendem todos os nova-iorquinos”. “É hora de pôr de lado todas as divisões políticas e os protestos, favorecer tudo o que nos une”, acrescentou.

Os protestos em Nova York coincidiram com manifestações em outras cidades do país, alimentadas pelas repercussões dos casos de Garner e de Brown e organizadas por múltiplos grupos, não só de Nova York.

Quem saiu hoje em defesa de De Blasio foi o governador do estado, Andrew Cuomo, dizendo que o prefeito “está fazendo o melhor que pode sob circunstâncias muito difíceis”.

“Acho que há lições a aprender sobre os assassinatos de Garner, Ramos e Liu. Mas, nesta semana, acredito, o melhor é respirar profundamente, ter um momento de pausa e para o luto”, acrescentou Cuomo.

Por causa do duplo assassinato de sábado, tanto as autoridades policiais como os sindicatos que agrupam os agentes deram ordens ou recomendações para elevar o nível de alerta e aumentar as precauções. Isso levando em conta que o assassino dos policiais, negro, disse em mensagens prévias em redes sociais que pensava em realizar um ataque como vingança pela morte de Garner e Brown.

A Associação Beneficente de Patrulheiros da polícia sugeriu que não sejam feitas detenções “a não ser que sejam absolutamente necessárias”.

A associação que agrupa os detetives, por sua vez, lhes pediu que saiam às ruas em grupos de três e que usem coletes à prova de bala, e instruções parecidas foram dadas pelas associações que reúnem os sargentos e os tenentes da polícia.

Já desde o domingo, o Departamento de Polícia de Nova York ordenou a todos os seus agentes que sempre que saiam à rua uniformizados o façam junto com um companheiro.

Por outro lado, ainda não se sabe quando serão enterrados os dois policiais assassinados. Os funerais, caso sejam públicos, representam novos desafios para De Blasio pelas relações com a polícia.

No sábado, quando visitou o hospital onde tinham ficado internados os agentes, alguns policiais presentes lhe deram as costas, uma atitude que o chefe da polícia, William Bratton, qualificou hoje como “inadequada”.

“É um reflexo do aborrecimento de alguns deles”, afirmou Bratton, que tem uma relação muito próxima com o prefeito. EFE

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