Reabertura de embaixadas ocorre após 5 décadas de relações rompidas e sanções

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2015 15h25

Redação Central, 1 jul (EFE).- Cuba e Estados Unidos reabrirão suas embaixadas em Washington e Havana, respectivamente, que permaneceram mais de 50 anos fechadas, a partir de 20 de julho, informou o Ministério das Relações Exteriores da ilha em comunicado oficial.

No momento da ruptura das relações diplomáticas, em 1961, nenhum dos dois países dispunha de embaixador em suas legações. O cubano Ernesto Dihigo López Trigo foi retirado para consultas indefinidas em novembro de 1959, e o americano Philip Bonsal foi convocado por Washington no fim de outubro de 1960.

À frente das embaixadas estavam seus respectivos encarregados de negócios, Armando Pérez-Ibarra e Daniel M. Braddock, que mais tarde as fecharam.

Até o final da década de 1990, a Suíça se encarregou da cobertura diplomática dos interesses norte-americanos na ilha, e a Tchecoslováquia, dos de Cuba em Washington. Desde março de 1991, a Suíça assumiu as representações dos dois países.

EUA e Cuba mantiveram abertos, no entanto, Escritórios de Interesses graças a um acordo assinado em 1977. Atualmente, eles são liderados por Jeffrey DeLaurentis e José Cabañas, respectivamente.

A ruptura das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba foi formalmente assinada em 3 de janeiro de 1961 pelo presidente Dwight Eisenhower, poucos dias antes da posse de John Kennedy.

Eisenhower decidiu pelo rompimento porque o governo de Fidel Castro ameaçou os EUA de reduzir o pessoal de sua embaixada em Havana de 69 para 11 pessoas, mesmo número da representação cubana em Washington.

Castro acabara de acusar, em mensagem radiofônica, os Estados Unidos de utilizarem sua delegação para introduzir conspiradores e terroristas na ilha, e anunciava a adoção da pena de morte para os que fossem condenados de atentar contra a segurança nacional.

Eisenhower argumentou que a redução diplomática imposta tornava “impossível a condução das relações diplomáticas para o governo” e que era “somente a última de uma longa série de acossamentos, acusações sem base e difamações”.

Mesmo assim, tanto Eisenhower como Castro fizeram votos pelo reatamento da amizade histórica entre ambos os países.

As medidas adotadas por Castro desde a revolução cubana afetaram negativamente os interesses americanos. Exemplos disso foram a Lei da Reforma Agrária (1959), que permitiu a expropriação de latifúndios, e o programa de nacionalização de empresas estrangeiras (1960), que afetou várias companhias americanas.

O novo regime cubano acusou Washington de atos terrorismo ou de permiti-los na ilha em 1960.

Cuba concluiu que os EUA estavam por trás de um bombardeio em um subúrbio de Havana, da sabotagem do navio francês “La Coubre”, atacado no porto havanês, e da invasão de suas águas territoriais com um submarino e um navio de escolta.

Os Estados Unidos negaram as acusações e ameaçaram utilizar a emenda Platt, que autorizava a intervenção na política cubana, ao mesmo tempo em que cancelou a importação da cota de açúcar (700 mil toneladas), decretou o embargo às exportações cubanas e criou um fundo de ajuda econômica para refugiados cubanos.

Os Estados Unidos também não gostaram da aproximação da ilha com a União Soviética, com quem tinha restabelecido relações diplomáticas.

O líder soviético Nikita Kruschev anunciou em julho de 1960 que defenderia o país caribenho com mísseis. A tensão entre EUA, Cuba e URSS teve seu ponto mais crítico com a chamada crise dos mísseis de 1962.

Poucos meses antes, em abril de 1961, houve outro momento significativo com a crise da Baía dos Porcos. Foi uma tentativa fracassada de invasão da ilha por 1.500 exilados cubanos em Miami, treinados pela CIA em bases secretas na Nicarágua e na Guatemala.

A crise da Baía dos Porcos levou Castro a proclamar o caráter socialista, marxista-leninista da revolução naquele mesmo mês.

Desde então, Cuba e Estados Unidos passaram as décadas seguintes se dando as costas, e o governo americano adotou medidas legais para garantir o embargo do regime comunista. Em 1963, proibiu empresas americanas de fazer trocas comerciais com Cuba. Em 1992, aprovou a Lei Torricelli, que proibia as subsidiárias das empresas americanas no exterior de comercializar com Cuba, e em 1996 decretou a Lei Helms-Burton, que reforçava as sanções internacionais após a derrubada de duas pequenas aeronaves da organização anticastrista “Irmãos ao Resgate” por cubanos. EFE

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