Rússia desqualifica novo processo judicial sobre assassinato de ex-espião

  • Por Agencia EFE
  • 31/07/2015 13h58

Moscou, 31 jul (EFE).- A Rússia desqualificou nesta sexta-feira o novo processo judicial em andamento no Reino Unido sobre o assassinato do ex-espião russo Alexander Litvinenko, no qual o Kremlin voltou a ser responsabilizado.

“Quando Litvinenko morreu, antes de qualquer tipo de investigação, ouvimos acusações similares por parte de funcionários do Reino Unido”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, à imprensa local.

Por esse motivo, Peskov insistiu que o Kremlin desconfia do novo processo judicial sobre a morte de Litvinenko, aberto no dia 27 de janeiro com autorização do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou Londres de politizar este caso, de ignorar os argumentos dos órgãos judiciais russos e de interpretar de forma arbitrária as circunstâncias que envolveram o envenenamento do ex-agente russo na capital britânica com polônio-210.

A diplomacia russa lembrou que a Justiça britânica não pode interrogar um dos suspeitos, Dmitry Kovtun, já que isso não é permitido tanto pelo código penal russo como por acordos internacionais entre ambos os países.

Nessa mesma linha se manifestou hoje o deputado Andrei Lugovoi, o principal suspeito do assassinato de Litvinenko. O atual legislador garantiu que o objetivo da Justiça britânica não é descobrir a verdade, mas “pressionar a Rússia”.

A Polícia Metropolitana de Londres garantiu ontem que a Rússia “de uma forma ou de outra” esteve envolvida “no assassinato”, mas reiterou que isso não significa que foi o presidente russo, Vladimir Putin, quem deu a ordem para matar Litvinenko.

A viúva do ex-espião, Marina, enalteceu hoje o trabalho da Justiça britânica por ter descoberto “a verdade” sobre o assassinato e voltou a responsabilizar diretamente Moscou.

“Após 15 anos no poder, ele é certamente o responsável por isso”, disse em relação à possibilidade de que Putin estivesse envolvido no assassinato.

As autoridades britânicas acusam os ex-agentes russos Lugovoi e Kovtun pelo assassinato. Os dois estavam com Litvinenko quando ele tomou o chá envenenado no hotel Millenium, em Londres, no dia 1º de novembro de 2006.

Litvinenko morreu envenenado com a substância radioativa polônio-210 no dia 23 de novembro de 2006, aos 43 anos de idade.

Em 2011, o então presidente russo e atual primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, garantiu a Cameron que a Rússia nunca extraditaria um cidadão nacional, já que isso é proibido pela Constituição do país. EFE

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