Santos diz que viagens de guerrilheiros a Cuba são bom sinal para a paz

  • Por Agencia EFE
  • 25/10/2014 03h17

Bogotá, 24 out (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta sexta-feira que as viagens de altos comandantes das Farc para Cuba para participar dos diálogos de paz são um sinal de que o processo está em “um bom caminho”, e criticou o “alvoroço” que elas causaram em alguns setores da sociedade colombiana.

“O que quero dizer é que isso é uma boa notícia, um bom sinal. Queria dar essa notícia de tranquilidade. Isso (as viagens) indicam a todos os colombianos que estamos em um bom caminho”, afirmou o presidente durante um evento de posse de novos funcionários na Casa de Nariño, sede do Executivo.

Santos se referia aos novos integrantes da delegação negociadora das Farc que foram apresentados hoje em Havana, que incluem alguns dos comandantes mais procurados da guerrilha, como “Pastor Alape”, “Carlos Antonio Losada” e “Romaña”.

Junto deles também chegaram à capital cubana “Isaias Trujillo”, “Pacho Chino”, “Walter Mendoza”, “Rubin Morro” e “Matías”, entre outros.

Para o presidente, o fato de estes chefes guerrilheiros terem se somado à equipe que há quase dois anos negocia em Cuba o fim do conflito armado indica que os delegados das Farc “estão consultando todas as frentes”, com os chefes considerados “os mais duros, os últimos dois pontos da agenda, que são os mais importantes, os mais difíceis”. Tratam-se do tema de vítimas, em discussão desde setembro, e o do fim do conflito propriamente dito, o último dos cinco pontos da agenda.

Nos outros três temas, referentes a terras, participação política e drogas ilícitas, governo e Farc já chegaram acordos preliminares.

Segundo o presidente, essas mudanças de comandos na negociação da guerrilha, que foram criticadas por setores políticos principalmente da direita, como o partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, estavam de certa maneira previstos desde que o processo de paz começou a se desenhar.

Quando ficou decidido que os diálogos seriam feitos em Cuba, os representantes das Farc levantaram a necessidade de “poder consultar as decisões” com os comandos e foi aí que começou a ser discutida “que tipo de flexibilidade” eles poderiam dar “para que esse propósito se cumprisse”.

Santos revelou que nesse ponto, há três anos, Joaquín Villalobos, um dos assessores internacionais de paz do governo, que foi o negociador principal da Frente Farabundo Martí para a libertação Nacional (FMLN) nos acordos de El Salvador, aconselhou dar à guerrilha a possibilidade de os chefes que não estavam inicialmente na mesa de diálogos pudessem participar também.

Segundo Santos, Villalobos disse: “Dê toda a flexibilidade, que em algum momento, quando realmente se aproximar o momento da verdade, o senhor vai ver uma grande quantidade de chefes, de comandantes de frente viajando para onde estão sendo tomadas as decisões, e esse é o melhor sinal que um processo pode ter”.

Por isso o presidente disse estar “surpreso com o alvoroço que alguns quiseram armar com a ida de chefes guerrilheiros a Havana”.

“Acusam o processo com argumentos que são realmente muito frágeis e caem com seu próprio peso”, acrescentou o presidente sobre as críticas feitas pelos opositores ao processo de paz, especialmente os que o acusam de ceder demais para as Farc. EFE

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